Ele entrou na sala larga e iluminada, seus passos eram lentos, porém bem calculados. Observava a que o amava sentada lá, numa poltrona de couro marrom com as mãos sobre as coxas e os olhos vagos em direção a janela fumê. O céu estava nublado e não havia sinais de raios solares, claro – não havia nenhuma fresta ou sequer espaço que coubesse luz ali.
Virou-se para ela. Ela lhe fugia o olhar. Ajoelhou-se e a encarou nos olhos. Mesmo que tentasse uma fuga, seus braços estavam envoltos em seus joelhos. - Não ela não sairia dali. Ele pensava. A não ser que esperneasse bastante, mas sabia que tinha mais força que ela.
- E então, como estamos? – O muito amado perguntava a ela. Só queria que lhe fosse mais clara, nada de entrelinhas. Ele desejava apenas ouvir, mas os seus lábios estavam tão cerrados, como se ela os tivesse zipado.
Ela permaneceu como estava apenas com um vinco enorme na testa e suas sobrancelhas contrariadas. Ela não abriu a boca, a não ser para respirar. Faltava-lhe ar naquele momento.
E ele insistiu. Sem sucesso, claro.
- Feche esse livro, por favor. Olhe. Seria bem mais fácil se você me ajudasse a ler todas essas imagens que insistes em pintar em nós. Não me olhe assim, menina. É tão complicado dizer o que sente por mim?
A sua expressão mudou. Agora ela parecia triste, e os seus olhos inundaram. Ela apertou-lhe as mãos e disse:
- Até onde é permitido andarmos juntos? É só isso que preciso saber antes de lhe falar qualquer coisa, entende? Não. Sei que não compreendes, e eu jamais diria a você como me sinto se não tivesse certeza que houvesse possibilidades ou se estaríamos dispostos a penetrar naquilo que desconhecemos. Sabe? E então, é isso. Eu te quero perto para sempre – o meu para sempre se aplica ao agora – mas sabe que amanhã eu continuarei a mesma com você.
E ela lançou as suas mãos longe das dela. Esquivando-se como sempre fizera. E chorou piedosamente.
- A gente só sabe o limite, menina. Se dermos os primeiros passos. E então. É difícil demais dizer o que há aí dentro.
- Se eu lhe disser o que há aqui dentro, tudo mudará em nós. Não me olhe assim, por favor. Não, devolva-me o livro. E não, esse personagem não é melhor que você, sim o teu sorriso me é mais gostoso.
Inspirado no comentário de Natália Corrêa.
o sorriso é sempre mais gostoso :)
ResponderExcluirOutro texto daqueles que me tocam profundamente. Talvez por eu ver com mais realismo os personagens, por sentir a dor da moça que muito ama. E eu queria não concordar com ela, dizer que é preciso um primeiro passo, arriscar e ver se dá ao invés de ficar num chove-não-molha.
ResponderExcluirMas quem sou eu pra questionar alguma coisa? Quem sou eu pra mudar o que é bom do jeito que está ao tentar arriscar algo que não se sabe ao certo?
A vida deveria ser menos complicada, fato consumado. Mas talvez, sem complicações, seria tudo um tédio.
Beijo Pampam.
Adoro tudo que tu escreve. Só pra constar.
Eu tinha falado que esse foi um daqueles textos teus que me tocam. Talvez por eu imaginar demais a realidade dos personagens e por sentir a agonia da moça, que não saber se prefere arriscar no incerto ou manter as coisas como estão.
ResponderExcluirAcredito que as pessoas devem arriscar mais, ver até onde as coisas vão. Mas também, quem sou eu pra falar de tentativas se sou tão deixe-me assim como a que muito ama? Eu prefiro assim, esse amor que pertence em mim do que jogá-lo no mundo. Tudo que cai no mundo, Pam, corre risco de se perder.
Ou não.
Beijo Pampam
adorei o texto, só pra constar.
Eu tinha falado que esse foi um daqueles textos teus que me tocam. Talvez por eu imaginar demais a realidade dos personagens e por sentir a agonia da moça, que não saber se prefere arriscar no incerto ou manter as coisas como estão.
ResponderExcluirAcredito que as pessoas devem arriscar mais, ver até onde as coisas vão. Mas também, quem sou eu pra falar de tentativas se sou tão deixe-me assim como a que muito ama? Eu prefiro assim, esse amor que pertence em mim do que jogá-lo no mundo. Tudo que cai no mundo, Pam, corre risco de se perder.
Ou não.
Beijo Pampam
adorei o texto, só pra constar.
Maria Fernanda
Lindooo *--*
ResponderExcluirPamela, acho que o reino da mentira sempre existirá. Ela tornou-se algo essencial para a vida, como se fosse a agua ou o ar. O duro é saber que ela anda armada enquanto a verdade está sempre desprotegida. E dificil também é saber que a mentira vê enquanto a verdade tornou-se cega.
ResponderExcluirAbraços.
Você escreve muito beem *-*
ResponderExcluirAdorei o textooo.
bjus ;*
Adorei o texto que capacidade criativa, um simples comentário inspirou para produzi um texto belo. Realmente transpira sinceridade e ingenuidade dos textos produzido por você.
ResponderExcluiro ser-humano é bem complexo quando sente e é latente. O melhor é não sentir nada.
ResponderExcluirSabe, todo esse teu amor me comove, me acompanha, me reflete. E eu adoro.
ResponderExcluir=)
Seria tão diferente se o muito amado também amasse muito.
ResponderExcluiracho bonito "sentimentalismos"... mas não acho que sentimento seja uma ferramenta muito útil no dia a dia...
ResponderExcluirAtitude, atitude, atitude... é que conta no fim das contas.
muito bem explorado o enredo do texto. sou fã de pessoas que não matam sua criatividade. :-p
A sorte sempre bate na porta errada. Tolo.
ResponderExcluirOh Amiga..
ResponderExcluirseus textos além transmitir emoção, sinceridade, faz com quem lê também sentir um pouco do que sentes.
Reflete em algo que todo mundo já sentiu ou talvez até desperte um sentimento tão puro que muitos já esqueceram da sua existência.
Acredito que tem uma hora que o sentimento atropela a razão e faz com que esquecermos a indecisão, e o arriscar é mais fácil, pq já não conseguimos mais alimentar a indecisão que sempre esteve no coração.
Haaa o amor.. seria mais fácil se o nosso coração sempre acertasse!
=)
Quem dera Luh, se nós acertássemos sempre. Fico feliz por sentir também, a paixão não é de todo ruim. É boa até.
ResponderExcluirO medo é a única coisa que o torna desagradável.
E sim, tu sabes perfeitamente como eu me sinto, meus sentimentos não te são ocultos. Mas isso é algo só entre a gente, selado, guardado a sete chaves. É bom poder contar contigo sempre.
Nossa, parece demais comigo! Já devo estar insistente com esses comentários, mas é que não posso deixar de expressar a minha adoração pelos seus textos! Parabéns, de novo. E olha... Eu acho que o rapaz não deveria jogar fora a chance de ter uma garota que acha o sorriso dele tão mais gostoso! ^^
ResponderExcluirA sua expressão mudou. Agora ela parecia triste, e os seus olhos inundaram. Ela apertou-lhe as mãos e disse:
ResponderExcluir- Até onde é permitido andarmos juntos? É só isso que preciso saber antes de lhe falar qualquer coisa, entende? Não. Sei que não compreendes, e eu jamais diria a você como me sinto se não tivesse certeza que houvesse possibilidades ou se estaríamos dispostos a penetrar naquilo que desconhecemos. Sabe? E então, é isso. Eu te quero perto para sempre – o meu para sempre se aplica ao agora – mas sabe que amanhã eu continuarei a mesma com você.
Eu sei muito bem sobre isso, sobre esse diálogo.Parece um pedaço de minha vida detalhado aqui, estranho =$ mais bom de se ler.
Gosto daqui, traz paz.
Pam, que texto lindo.
ResponderExcluirSem mais palavras, me inspirou.
Bjos
Antes escrever (lindas) linhas, ainda que de dor, do que alimentar a dor do vazio de não escrever.
ResponderExcluirPam, a sua personagem é real, por isso é mais difícil. Mas não feche o livro ainda. Não vai querer perder o final da estória, não é mesmo?
Estou me deliciando com suas palavras. Te linkei no meu blog e voltarei aqui pra te acompanhar sempre.
Um abraço!
obrigado pela visita
ResponderExcluiramei teu blog
virei seguidora
:*
Falo isso por mim também: algumas pessoas são masoquistas.
ResponderExcluirCaramba pedaços deste texto descreveu detalhamente um pedaço de um momento em que eu vivi...Lindo lindo lindo...
ResponderExcluirMe vi na que muito ama.
ResponderExcluirSempre amei demais, nessa vida.
Os correspondidos foram poucos, dá pra contar nos dedos.
Foi lindo, lindo, lindo, Pam.
Beijos
A limitação do ser humano se dá por não acreditar naquilo que o rodeia e que ele não vê.
ResponderExcluirAdorei teu texto.
Já pensou em desenvolver uma história maior ele a partir dele?
Ficaria bom.
Beijos.
Ai ai ai, quase que eu não conseguia entrar na internet hoje, mas entrei só pra ler teu texto *-*
ResponderExcluirE, como sempre, achei lindo. Um doce! Sempre com um quê de tristeza... Mas como poderia ser diferente? Teu muito amado pensa que amar muito é simples. Mas quando o amor é muito, tudo mais é muito também - principalmente o medo.
Fiquei muito muito feliz que meu comentário tenha inspirado um texto tão bonito *-*
Beijos Pâmela :D