Eu disse sem pretensão alguma: “são apenas 2.190 dias. Apenas dias sem
importância”. E ele não pôde ler as minhas entrelinhas. Talvez as minhas
metáforas sejam tão enfadonhas quanto a programação de domingo da Tv aberta. Ou
então ele não queira ler o que está evidente. Ou então [...]
Acontece que as interrogações já foram
respondidas, mas a minha cabeça insiste em abrir brechas e exceções. Tolice! Eu
repito diversas vezes, mas os meus ouvidos não fazem questão de ouvir. De que
adianta, me diga, você tecer vários poemas dentro de si e sonhar com uma pessoa
que não quer te estender a mão? E de que adianta você se interrogar tanto em
frente ao espelho se as respostas não existem?
Foram apenas 2.190 dias – inexatos. O bastante para dilacerar meu coração
devido a minha falta de coragem. O suficiente para me sufocar todas as vezes que eu ouvia o nome dele e minha cabeça devaneava: “por que eu deixei ele partir?”.
Então você se dá conta que não é era realmente para ser. A inexatidão de
sentimentos não permitiu que o amor se cumprisse ali. Não estou dizendo que o amor de fato existiu, mas que ele poderia sim ter existido se houvesse brecha, se
houvesse um terreno fértil para que ele se plantasse. Não houve.
Apenas 2.190 dias.