Dizer que os opostos se atraem é aceitável na
teoria, mas tente levar isso à prática da vida. O amor nem sempre resiste às
divergências que nascem na rotina, no dia-a-dia. Eu posso dizer que acho linda
a forma que ele leva a vida, sem preocupações e ambições, mas da mesma forma
poderei recriminá-lo por esses mesmos motivos. Ou, quem sabe, não dar tanta
importância à falta de objetivos, ao fato dele apenas querer construir uma
casinha de sapé, ter seus filhos e envelhecer ali.
O problema é que o amor não resiste a, apenas,
teorias. É na prática que descobrimos o quanto podemos conviver com, o que
julgamos, defeitos do outro. Ouvi dizer que não amamos os diplomas, as
conquistas, entre outras coisas, das pessoas. Mas até onde o amor sobrevive à falta
de perspectivas, o olhar morto para o que a vida ainda pode oferecer.
Ao longo dos anos escrevendo sobre o amor, pude notar
que ele é variável. Antes nós desejávamos apenas alguém que retribuísse o amor que
oferecemos, hoje não nos satisfazemos “apenas” com demonstrações. A ficha cai e
logo percebemos que amar é coisa para gente grande. Entendemos, ao pé da letra,
o ditado que diz que amor não sustenta barriga.
Há uma linha tênue que separa os amores de contos
de fadas dos amores que vivemos na vida real.