A vida é estranha. Muda numa velocidade que mal conseguimos acompanhar. Nos últimos anos, eu amei tanto uma pessoa que acreditava, com todo o meu ser, que o destino nos uniria para sempre. Até que, um dia, meus sentimentos começaram a mudar. Meu amor, que antes parecia tão imutável, se ressignificou.
Conversamos recentemente. Ele me disse, com uma sinceridade que quase doeu de tão bonita: "Eu ainda te amo como sempre te amei." E tudo o que consegui responder foi: "Eu também amo você, mas não da forma que você gostaria."
Havia um peso no meu coração enquanto eu dizia isso, quase como se fosse crueldade admitir que não amamos mais alguém que só quer o nosso amor. Mas, nos últimos tempos, venho refletindo muito. Eu quero viver de acordo com aquilo em que acredito: quero um amor que me faça suspirar, que me dê vontade de acordar todos os dias e acreditar que a vida vale a pena.
Sei que pode soar utópico, mas não quero estar com alguém se meu coração não arde mais por essa pessoa. Quero sentir aquele frio na barriga, aquela ansiedade gostosa de enviar um “bom dia”. Quero fazer uma vídeo chamada só para saber como foi o dia ou compartilhar uma fofoca boba. Quero alguém com quem eu possa ser completamente eu: para falar sobre astrofísica ou qualquer bobagem sem filtro. Alguém que me acompanhe em qualquer assunto e que tope qualquer aventura, porque o mais importante é estarmos juntos.
Às vezes me sinto ingênua ou idealista em relação ao amor romântico, mas acredito que a vida é rara demais e curta demais para não corrermos atrás dos nossos sonhos. Não quero viver um amor morno, porque sei o quanto meu peito clama por algo intenso e verdadeiro. Essas conversas difíceis me deixam ansiosa, apertam meu coração, mas não posso trair o que sinto. Não posso aceitar um amor que, mesmo que antes tenha sido tudo, hoje já não faz meu coração acelerar.
A vida é assim. Aqueles que acreditávamos que amaríamos para sempre acabam se distanciando, como uma cena de filme que desbota aos poucos. Amores vêm e vão, como marés que se retraem com o tempo. O amor muda também. É fluido, inconstante, e às vezes nos deixa perplexos.
Lembrei recentemente de uma frase que ouvi tempos atrás: “Sinto que, quando eu voltar para você, você não vai me querer mais, assim como já não quer mais essa pessoa que você amou.” Ri quando ouvi aquilo. Mas esta semana, pensando nisso, percebi que talvez seja verdade. Talvez chegue o dia em que eu realmente não queira. Hoje, não. Amanhã, quem sabe.