É difícil aceitar o fim de um amor que foi bom, daqueles que aquecem a alma e tornam os dias mais leves, mas que, por mãos que não pertencem a nós, se perderam no caminho. Há algo quase poético na maneira como o amor, quando é verdadeiro, deixa marcas indeléveis em nosso coração, mas também uma dor que insiste em permanecer, mesmo quando o fim já foi selado.
E, por mais que o tempo passe, não há como evitar os lembretes que surgem nas esquinas da vida. Um cheiro familiar no ar, uma melodia que soa por acaso, o simples gesto de preparar o prato que tanto amávamos. Cada um desses pequenos detalhes nos arrasta para um lugar distante, onde ele ainda está ali, perto, como se o tempo não tivesse ousado nos separar. Não importa quantas vezes tentemos seguir em frente, o outro sempre se esgueira nas frestas da memória, e em cada lembrança, o amor se refaz e se desfaz, com uma ternura que nos rasga por dentro.
E é impossível não sentir a ausência, como uma ausência palpável, cada vez mais pungente. Esperar uma mensagem e saber que ela não virá mais é como esperar por algo que sabemos que jamais acontecerá, como olhar para o céu e desejar um sol que já se pôs. Não haverá mais o toque suave das palavras de bom dia, o conforto nas conversas cotidianas, nem o riso compartilhado nas pequenas fofocas que eram só nossas. O silêncio que se instala é pesado, cheio de palavras não ditas, de gestos não dados. Cada espaço, antes ocupado pela presença dele, agora se esvazia, e o vazio toma conta de tudo.
Fica uma falta que nada pode preencher. Nenhum sonho, por mais belo que seja, consegue substituir o que foi perdido. A memória se torna uma sombra doce, mas vazia, que nunca preenche o espaço em branco deixado no peito. O lugar que antes era de risos e planos agora se torna um eco distante, uma saudade que insiste em se manifestar, sem saber onde se esconder. O que antes parecia futuro, agora é apenas passado, e no entremeio de todas as lembranças, a dor se faz presente, como uma presença invisível, que nos acompanha sem pedir licença.
E o que fica, afinal, é um deserto de emoções, onde a esperança se mistura com a saudade e o amor se dissolve na ausência. A dor de um amor que não pôde ser, que se perdeu por interferências alheias, vai se tornando uma cicatriz que não se fecha completamente. O tempo, como um rio lento, leva com ele os vestígios, mas a marca permanece. A saudade se torna uma companheira constante, que nos observa silenciosamente enquanto seguimos, sabendo que, mesmo quando a vida nos pede para seguir em frente, nunca poderemos apagar completamente o que o coração ainda guarda.
E assim, entre lembranças e silêncios, aprendemos a viver com o vazio, com o eco daquilo que fomos, e com a certeza de que, por mais que o tempo cure, alguns amores, simplesmente, não têm como ser substituídos.
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