Antes de dormir toda a noite aninhada ao colo de minha mãe ouvia histórias de conto de fadas e eu me imaginava com vestidos majestosos, enclausurada em uma torre ou sendo salva de algum dragão, embora não soubesse se havia de fato alguma princesa com cabelos iguais ao meu: “cor de fogo”. Eu fantasiava que não me encaixaria nos moldes de contos e ainda assim teria o meu príncipe tão logo eu estivesse pronta para viver o “felizes para sempre.” E a tarde de outono estava convidativa a um passeio, vesti-me então e andei a passos lentos pela praça central, avós com seus netos brincavam despreocupados, mães conversavam e eu observava tudo. Cada passo que eu dava sentia sob meus pés o estalar de folhas secas que nos mostrava em qual estação do ano estávamos, o tapete marrom que se formara nos convidava a um mergulho ou apenas correr levantando folhas ao ar. Perfeito.
Absorta com todos os sons e movimentos naquela praça eu o vi. O cabelo negro jogado sobre os olhos deixando-o cada vez mais misterioso, usando um casaco num tom avermelhado e olhava para mim. Desvencilhei o olhar, porque senti o meu estômago embrulhar quando os seus olhos fitaram os meus, era como se estivéssemos encaixado em um único olhar. Enrubesci. E então eu lembrei, pateticamente, das noites em que minha mãe me contava aquelas histórias e eu sorri. O sorriso gostoso e frouxo que o fez responder com um aceno. E não sei o que me deu, aproximei-me daquele rapaz que me convidava com os olhos a uma conversa e nos conhecemos.
E a vida era e estava perfeita. Éramos a parte que faltava para ambos, toda aquela história de alma-gêmea podia ser facilmente aplicado a nós, até sair de casa para comprar algodão doce era mágico ao lado dele. Embora, muitas vezes, nos encontrássemos em situações tempestuosas o amor era real e necessário. Urgente. E mesmo com toda essa perfeição, em termos, Joel me era atazanável. E a nossa relação de folhas secas tornou-se evidente, não havia mais romance, apenas brigas. E o que era especial e nos aproximava deixou de ser querido. E sabe, que essas folhas e aquele tapete marrom que majestosamente banhavam aquela praça é a primeira lembrança que eu quero apagar. O dia que eu o conheci.
"Do outro lado, Joel contando."
Consegui imaginar um outono, folhas secas numa avenida imensa. E lembrei de Joel e Clementine, vocês adaptaram muito bem a história dos dois. E eu ainda me supreendo com os textos de vocês. Sim, são maravilhosos sempre.
ResponderExcluirAssim como o filme a história de vocês também é digna de ir para as telas.
Abraços.
Isso me faz aumentar uma convicção: Não há felicidade para sempre, nem há, sequer, felicidade. Há apenas a busca.
ResponderExcluirTua história é uma coisa linda, Pam. Já pensou em desenvolvê-la mais tarde? Um livro, quem sabe? rs
Muito bom, mesmo.
Beijos, doce.
malditas sejam as praças centrais cobertas de folhas de outono por apresentar vocês, porque cada ser humano erguido sobre essa terra empoeirada só precisa viver isso uma vez, uma única vez. Até porque todas as outras são imitações, são como o mesmo filme que é dublado em vários idiomas.
ResponderExcluirEu imaginei uma cena perfeita de outono.. tudo tão lindo num texto. Muito lindo! Amei!
ResponderExcluirHum, e quando amor se acaba, só ficam lembranças, e é tão complicado apagar, ou ao menos pensar menos em cada uma delas.
ResponderExcluirA doçura voltou a ponta dos seus dedos Pam, vamos festejar.
Um beijo,
Charlie B.
"O pra sempre, sempre acaba"
ResponderExcluirO melhor é aproveitar o momento!!
Feliz 2010!!
Beijos
Tem um poeta (?) que diz, que querer esquecer uma pessoa é lembrá-la com mais frequência. Sabe, eu concordo — doentiamente — com isso.
ResponderExcluirPelamor...
ResponderExcluirNo comentário do Auíri, ele usou um verso de "por enquanto"... quase tenho um troço.
"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba..."
Como disse lá no blog da Fê, não tô muito boa pra ler textos assim... fico pensando. Perder um amor dói demais e não quero isso...
Ótimo texto!
Beijo, Pâm!
Não entendo, isso só remete que as coisas tem início, meio e fim. Se é amor é pra sempre (isso é o que eu sempre acreditei), mania besta de acreditar em contos de fadas, mas pensando bem deixa estar, utopia pode virar realidade, dizem que basta acreditar e mesmo com tudo, eu acredito.
ResponderExcluirÓtimo texto,
ResponderExcluirdeu para imaginar uma cena com perfeição *-*
bjus =*
hummm...
ResponderExcluirperfeito!!
bjus
Que Bela cena de Outuno...
ResponderExcluirme fez viajar!!!!
Grande beijo
Na dor, a melhor cura é apagar tudo, embora não seja justo e nem possível.
ResponderExcluirSe eu fosse pra esquecer de algo, eu jamais esqueceria de ter conhecido ele (meu amado). Sei que me dói a perda, mas é melhor sofrer pela perda do que por não ter conhecido alguém que me fez tão feliz quanto ele, enquanto pode, lógico. Porque uma hora o magestoso se torna rotina, e nos cansa. Então paramos de agradar ao próximo, e os machucamos.
Fiquei aqui imaginando a cena dele se aproximando, perfeito mesmo. E a descrisão do rapaz, oras, perfeito ainda mais. kk
Beeeeeeeijos.
Nunca mais romance
ResponderExcluirNunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing (A história de Lili Braun)
Vai ver é isso. Os romances são cada vez mais esgotáveis. Isso me dá um medo, sabe, doce?! Porque ainda acredito em "pra sempre"
:D
beijos
Perder. Ganhar. Dedicar-se, cair. Lewvantar, sonhar novamente.
ResponderExcluirTudo isso faz parte de nossa longa caminhada.
;)
"aponta pra fé e rema"
Icontáveis abraços.
Pam, pensando assim eu teria 4 estações inteirinhas pra apagar. Do começo , no verão. Aquele fogo, o calor, o brilho. No outono, tudo foi caindo, as palavras, os olhares, os telefonemas. No inverno com o frio da solidão nos reaproximamos um pouco, só pra esquentar e não morrermos de frio (interno), e a primavera, onde nascem as flores, trazem novos perfumes. Trouxe caso pra ele um outro amor, e pra mim de novo o verão muita, muita chuva. Por fora e por dentro.
ResponderExcluirMas logo passa, quanto dura uma estação? 3 meses? Então..vai passar.
Amo vir aqui e desabafar assim. hehe
Bjos
Pam, te mandei email.Lá deixei meus contatos.
ResponderExcluirEu não tenho orkut. (oh! cara de espanto!) hehehe
Bjos
Assisti esse filme e adorei. Você retratou ele diferente e ainda assim me lembrou ao original. Queria ter a mágica das palavras assim como você.
ResponderExcluirBeijo menina!
Ameei a maneira como vc escreve, muito bom o texto. Lindo.
ResponderExcluirAs vezes acontecem coisas tão boas na nossa vida que nos da a impressão de que nada será ruim novamente, que seremos "felizes para sempre" mas um dia tudo acaba. :/
Beijooos'
Lindo aqui! ;)
...e assim acontece o amor não é?!...talvez se aplique aqui aquele pensamento do Bukowski que vc tem no blog
ResponderExcluirOutono é como me sinto quando ele se vai. Dentro de mim é tudo secura, folhas caídas, solidão.
ResponderExcluirMas por enquanto ele sempre volta me trazendo a primavera.
Uns desenham outros escrevem. Continue escrevendo! E sendo curiosa. É onde mora a criatividade. bjs
ResponderExcluirOutono é a melhor época do ano, ou ao menos seria, se aqui fosse Noruega e formasse esse tapete de folhas secas e coloridas no chão, e toda aquela coisa de romance :~
ResponderExcluirenfim, lindo, amei :**