segunda-feira, janeiro 04, 2010

(...)

Esse é meu terceiro cigarro em menos de 4 horas. Eu sei que você diria para mim: “você acha isso bonito?” Eu parei de fumar desde que te conheci, porque eu precisava te impressionar. E você me achava inconseqüente. Aprendi a beber socialmente, porque as minhas doses de tequila te assustavam. Aprendi a conter meu riso, a falar mais baixo, a ser mais dama. E você dizia: “és diamante, doce.” E eu me deixei ser moldada, por tuas mãos. Porque era necessário ser tua, porque você me falou de astronomia e me ensinou que a vida era curta, e você aprendeu a ser imprudente comigo. E eu deixava as minhas coisas espalhadas pela tua casa, você aprendeu a ser desorganizado comigo, eu te implicava com o cabelo arrumado bagunçando-o com as minhas mãos enquanto fazíamos brigas de travesseiro.
E por que você foi tão idiota a ponto de partir?

Eu ignoro a placa que diz: “é proibido sentar.” Porque eu preciso sentir o vento batendo em meu rosto neste lugar. E eu não entendo o motivo de você ter me deixado assim. Algumas pessoas passam e olham assustadas, devem pensar que eu vou pular. Mas eu só desejo ficar com os meus pés dependurados aqui nessa cerca. E ouvir o som do mar cantando, aquelas ondas que batem nas pedras. E eu me lembro de você dançando comigo na chuva porque eu pedi e você usava terno e acabava de vir de uma audiência, éramos tão cúmplices. E todas as loucuras que eu impunha você aceitava, mesmo com toda minha loucura.

E eu vou pensando essas coisas aqui, vendo a água que é escura. Talvez haja um buraco aí embaixo. Igual o que sinto agora dentro de mim. Por que você me deixou? Seu idiota.
E eu fico imaginando se devo ou não pular. Assim como você fez. Deixando-me aqui, somente com a dor. Você foi muito egoísta em me deixar aqui, sozinha, com frio. Egoísta por tentar acabar com a dor em você, infligindo-me uma maior. Estúpido. E sempre que me perguntam porque eu bebo e fumo tanto digo meu namorado terminou comigo, porque eu não consigo simplesmente aceitar que você se matou.

14 comentários:

  1. Não sei o que dizer. É real? Porque eu pude sentir cada linha escrita aqui. Triste, Pam.

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  2. Uau!
    Não sei nem o que dizer... é tocante!
    e pergunto tbm, é real?Assim como o Júlio pude sentir cada linha..
    bjus

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  3. Seja lá a dor que se sente nunca pode deixar ser tão grande a ponto de desejar morrer e então fazê-lo. Mas quem ficou se mata aos poucos fumando e bebendo tanto.
    Triste, mas a tristeza também pode ser bonita.

    Bjos

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  4. Um nó na garganta e um rebuliço no estômago.

    Dificil de aceitar, mesmo que não seja real, ficou real.

    Beijo moça

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  5. Doce, que perfeito!
    Parece que você me desenha, às vezes. Eu sinto isso sabe? eu digo: meu namorado terminou comigo porque não posso aceitar o fato de que ele se matou, aqui dentro de mim.

    Quanto ao teu comentário lá no blog, não tem que ficar vazia de sonhos, flor. Minha irmã de oito anos diria pra ti que não se pode perder as esperanças de sonhar e de amar, se perder você nunca mais ama, e nunca mais sonha. :)

    Um beijo pra você.

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  6. ái, me deu um aperto! =/
    que história triste...
    despedidas, amores...=/

    lindo o texto, lindo.

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  7. espero que esta história seja ficção...pois se for realidade é uma forma triste demais de "continuar"!

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  8. "Namorada", subliiiiiiiiiiiiime!!!

    Somenet uma pessoa idiota para abandonar uma linnda flor como essa pessoa descrita nestas belas entrelinhas.
    Seguramente, eu, Carlo Lagos, "seu namorado" (risos), a convidaria para um jantar ao som de : TOM JOBIM - QUERIDA e a pediria em casamento.


    Incontáveis abraços.

    :*:

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  9. Uau!!

    Precisa dizer algo?
    Depois disso só resta o aperto e aquele silêncio ridículo.

    Beijo, Pâm!

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  10. Pâm

    Teremos mais postagens coletivas?
    Bjuks

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  11. Meus olhos disseram tudo o que senti.

    Ai, Pâ.

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  12. Todo fim de amor é uma morte mesmo. Alguns só aceleram...

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