Eu estava do outro lado da quadra quando a vi, aquele rosto não me era familiar e ainda assim prendeu a minha atenção de maneira peculiar. Ela tinha em suas mãos cadernos e usava uma calça jeans clara e uma rasteirinha, eu não vou me esquecer como ela estava, porque me apaixonei ali a primeira vista. Ela era pura poesia, dava para perceber, porque ela tinha os cabelos que Roberto Carlos cantava em debaixo dos caracóis e os lábios mais bem desenhados que os meus olhos já tiveram o prazer de ver. E eu timidamente aproximei-me dela que estava sentada naquele chão cantando com os olhos fechados e as mãos elevadas. E fingi esbarrar em seus cadernos que se esparramaram, ela olhou-me com seus olhos grandes e desculpou-se e eu ri somente, sentando a seu lado. Ela não afastou continuou sentada lá e eu apenas olhava para aqueles cabelos que eram negros e cheios, eles tinha o cheiro adocicado de baunilha, fazendo-me cócegas nas narinas. E eu pensei: ”como nunca vi essa menina por aqui.” E ela era puro sorriso nos lábios e tinha a voz mais doce que já experimentei ouvir, ela cantava com a banda e em seus olhos havia lágrimas, mas podia ver que eram de esperança e tinha certeza que caso encontrasse seus lábios teria gosto doce.
Ela não prestara atenção em mim, estava imersa em um sentimento que eu desconhecia. Ela era riso de orelha a orelha e levantando-se dançou alguns passinhos recém-coreografados por outras meninas e eu sonhei com ela ali. E quando tive a oportunidade de perguntar-lhe o nome descobri que ela tinha doce nele, ali no meio. Ela era doce desde a fala até os cabelos encaracolados. Ela me pegou pelo estômago e posso arriscar-me a dizer que pelo coração também. E eu quis saber mais sobre ela, o que ela fazia e descobri que cantava e gostava de poesias, que tinha fé e eu tive fé também. Fé em encontrá-la no dia seguinte, em poder ouvir novamente a sua voz aveludada, e ela me veio em sonhos. Eu não esqueci aquela moça e o seu nome era cantado em meus ouvidos suavemente. E assim que tivemos que ir a direções opostas perguntei se ela queria uma carona, desconfiada ela disse que seus amigos lhe deixariam em casa e ela foi. Deu-me um abraço que até agora posso sentir os seus braços frágeis envoltos nos meus, ela tão pequena e eu brutamontes perto dela. E essa noite eu sonhei com ela. Ansiando que ela me fosse presente de aniversário no dia seguinte. Sim, encontrei a moça que me deu o setembro mais inesquecível de minha vida um dia antes de meu aniversário.
quinta-feira, janeiro 28, 2010
4 de setembro de 2006.
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certas pessoas nós nunca esquecemos, mesmo que elas tenham passado tão rapido quanto uma leve brisa.
ResponderExcluirQue doçura!
ResponderExcluirVocê esbanja delicadeza nas suas palavras, Pam.
Beijo, no coração.
Que bacana!!
ResponderExcluirÉ bom encontrar pessoas que nos marcam de uma maneira boa..
gostei muito..
bjos
Que lindo.
ResponderExcluirQuase pude sentir a esperança que vinha dela. O cheiro de fé...
E posso crer que ela ouvia - uma mpb calma, calma, algo como:
"Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for"
Marisa Monte
Bjos
Gosto como descreves esses encontros casuais, com o contexto super leve, mesmo que o final não seja o que nós queremos ler. E não deixa de ter seu valor: doce e inquestionável!
ResponderExcluirBeijos
;*
Parece até enredo daqueles filmes românticos que sempre me fazem chorar.
ResponderExcluirAbraços!
'que tinha fé e eu tive fé também"!
ResponderExcluirDooooce demais, pam!!
Setembro é um bom mês! =]
beijoos, os meus, doces.
Quanta doçura e quanta delicadeza em um texto só. Suas palavras nos fazem vivenciá-las. Linda a maneira como lida com as palavras.
ResponderExcluirUm beijo.
Tive a impressão de conhecer essa garota. Essa doçura toda me soou familiar, sabe?
ResponderExcluirTalvez tu seja ela... quem sabe? xD
Lindo texto, Pâm.
Beijinho.
Pâmela, sabe qual a impressão que tenho quando te leio? Que se trata de uma escritora experiente, com a escrita amadurecida e já formada.
ResponderExcluirPassa-se um filme em minha mente, o roteiro é teu texto e eu o aprecio.
Um sentimentalismo comovente, espetacular.
Você é demais, Pâmela.
Afogo-me em tuas palavras e saio mais vivo.
Adoro você.
Beijos.
Eu estava lá, rs.
ResponderExcluirNem te conto que eu espiei isso tudo ali, ao lado dos dois. Por que? Tua escrita me foi transporte, moça. Linda que é.
ResponderExcluirUm beijo.
eu já comentei o quanto os detalhes me encantam? e você sempre me enche deles, adoro!
ResponderExcluirestou curiosa para saber o que aconteceu depois de tanto tempo!
ResponderExcluir'Nossa que incrível, incrível como vc faz o encanto acontecer simplesmente ´por escorrer os olhos em suas linhas... Maravilhosas Linhas!'
ResponderExcluirEsse texto foi um dos mais bonitos que já li. Imagino a tua sensação, ao tê-lo recebido...
ResponderExcluir"e quando tive a oportunidade de perguntar-lhe descobri que ela tinha doce nele - ali no meio"
ResponderExcluirPÂ-MEL-A
bacana.
Tem pessoas que a gente não esquece nem se esquecer!
ResponderExcluirMui lindo o texto, moça.
=***