O
amor é o sentimento que dá sentido a todos as coisas. Ele nos torna indefesos
diante de sua imensidão e pequenos perante a sua grandiosidade. Saber
reconhecer o amor não é uma tarefa simples. O amor é complexo. Ele é como diz
Coríntios 13: “O amor é sofredor, é
benigno; o amor não é invejoso; o amor
não trata com leviandade, não se ensoberbece”. Quem ama de verdade não é
leviano com o coração do outro. Ele se coloca duas, três, quatro vezes no lugar
do outro antes de magoá-lo. Ele oferece a verdade em forma de crescimento. Ele
se despe de suas armaduras, se despoja de suas vestes, para que o outro tenha
uma visão clara e límpida de sua alma. Quem ama de verdade dá o melhor de si.
Oferece a chave de casa, abre a porta e faz café. Ajuda a desfazer as malas.
Somos uma geração carente de afeto. Somos pessoas
que não compreendem o valor real do amor e quando o encontramos não sabemos
como lidar com ele. Não temos a delicadeza necessária para cuidá-lo. Nossa
destreza é péssima. Derrubamo-nos no chão. Deixamo-lo cair. Amar é muito mais que palavras e sabemos,
por pura experiência, que ele não vive de teorias. Ele não sobrevive em
meio à insegurança, à dúvida, ao medo. O amor pede segurança e, principalmente,
paz. Se você não consegue confiar completamente em uma pessoa não há razão, não
há sentido, em você permanecer ao lado dela.
Somos uma geração sedenta por amor. Somos pessoas
que não conseguem identificar o que nos é oferecido e nos permitimos aceitar
qualquer migalha. Amor exige reciprocidade.
Não que ele deva ser colocado em uma balança e que devamos, a todo o momento,
pesar o que sentimos e o que nos oferecem. Precisamos apenas observar com
clareza aquilo que estamos vivendo. Para mergulharmos em um rio precisamos
saber nadar, devemos estar cientes de que é necessário cuidado, que é preciso
cautela para não nos afogar. Nós mergulhamos de uma vez sem medo da
profundidade. Nós pulamos de cabeça sem observar se a água é rasa ou não.
Somos uma geração que não consegue entender o quão
sagrado é o amor. E o quanto sortudos somos ao sermos abraçados por ele. Muitas
pessoas nascem e morrem sem sequer tê-lo vivido em sua integralidade. Não
porque não mereçam. Mas, porque tendo em suas mãos não conseguem cuidá-lo. Amor é como uma criança recém-nascida que
requer alimento, atenção, cuidado e tantas outras coisas necessárias para mantê-la
saudável. Amor é gente. E só compreendemos isso quando nos descuidamos,
mesmo que por um minuto, e o vemos definhar. Amor também morre. De fome. De
sede. De inanição.
Amores vêm e vão. Levam um pouco de nós e deixam
muito de si. Ao amor que vivi nos últimos
tempos a minha eterna gratidão. Gratidão por ter me ajudado a crescer nas
pequenas coisas, a identificar as minhas falhas, a me amar para ser amada, a
ouvir para ser ouvida, a entender para ser compreendida, a ser amigo para ser
parceiro. Eu vivi o sagrado. Experimentei o melhor do amor. Eu vi nos olhos a
sinceridade, embora a vida tenha maculado o que era puro. O amor é indelével. Mas,
percebo que é hora de colocar um ponto final para preservar o que houve de bonito.
Constato que meu coração não consegue mais crer. Há um ditado que diz: “quem
tem boca fala o que quer”. E, é uma pena ouvir do amor e não mais acreditar.
Somos uma geração que tem pressa para o amor. Eu
sou de uma geração que não tem medo de amar.
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