quinta-feira, setembro 22, 2016

A sacralidade do amor



O amor é o sentimento que dá sentido a todos as coisas. Ele nos torna indefesos diante de sua imensidão e pequenos perante a sua grandiosidade. Saber reconhecer o amor não é uma tarefa simples. O amor é complexo. Ele é como diz Coríntios 13: “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece”. Quem ama de verdade não é leviano com o coração do outro. Ele se coloca duas, três, quatro vezes no lugar do outro antes de magoá-lo. Ele oferece a verdade em forma de crescimento. Ele se despe de suas armaduras, se despoja de suas vestes, para que o outro tenha uma visão clara e límpida de sua alma. Quem ama de verdade dá o melhor de si. Oferece a chave de casa, abre a porta e faz café. Ajuda a desfazer as malas.

Somos uma geração carente de afeto. Somos pessoas que não compreendem o valor real do amor e quando o encontramos não sabemos como lidar com ele. Não temos a delicadeza necessária para cuidá-lo. Nossa destreza é péssima. Derrubamo-nos no chão. Deixamo-lo cair. Amar é muito mais que palavras e sabemos, por pura experiência, que ele não vive de teorias. Ele não sobrevive em meio à insegurança, à dúvida, ao medo. O amor pede segurança e, principalmente, paz. Se você não consegue confiar completamente em uma pessoa não há razão, não há sentido, em você permanecer ao lado dela.

Somos uma geração sedenta por amor. Somos pessoas que não conseguem identificar o que nos é oferecido e nos permitimos aceitar qualquer migalha. Amor exige reciprocidade. Não que ele deva ser colocado em uma balança e que devamos, a todo o momento, pesar o que sentimos e o que nos oferecem. Precisamos apenas observar com clareza aquilo que estamos vivendo. Para mergulharmos em um rio precisamos saber nadar, devemos estar cientes de que é necessário cuidado, que é preciso cautela para não nos afogar. Nós mergulhamos de uma vez sem medo da profundidade. Nós pulamos de cabeça sem observar se a água é rasa ou não.

Somos uma geração que não consegue entender o quão sagrado é o amor. E o quanto sortudos somos ao sermos abraçados por ele. Muitas pessoas nascem e morrem sem sequer tê-lo vivido em sua integralidade. Não porque não mereçam. Mas, porque tendo em suas mãos não conseguem cuidá-lo. Amor é como uma criança recém-nascida que requer alimento, atenção, cuidado e tantas outras coisas necessárias para mantê-la saudável. Amor é gente. E só compreendemos isso quando nos descuidamos, mesmo que por um minuto, e o vemos definhar. Amor também morre. De fome. De sede. De inanição.

Amores vêm e vão. Levam um pouco de nós e deixam muito de si. Ao amor que vivi nos últimos tempos a minha eterna gratidão. Gratidão por ter me ajudado a crescer nas pequenas coisas, a identificar as minhas falhas, a me amar para ser amada, a ouvir para ser ouvida, a entender para ser compreendida, a ser amigo para ser parceiro. Eu vivi o sagrado. Experimentei o melhor do amor. Eu vi nos olhos a sinceridade, embora a vida tenha maculado o que era puro. O amor é indelével. Mas, percebo que é hora de colocar um ponto final para preservar o que houve de bonito. Constato que meu coração não consegue mais crer. Há um ditado que diz: “quem tem boca fala o que quer”. E, é uma pena ouvir do amor e não mais acreditar.

Somos uma geração que tem pressa para o amor. Eu sou de uma geração que não tem medo de amar.  

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