quinta-feira, setembro 15, 2016

Uma história sobre recomeçar



Eu queria te dizer que eu precisei começar de novo. Eu mudei. Não sou mais aquela que você encontrou ontem com os cabelos bagunçados. Tive que abandonar a mala pesada que eu carregava das lembranças e passado. Abandonei minhas paixões tolas. A vida me chamou. O fim virou começo e eu me permiti recomeçar. Vez em quando, ainda sinto que não sei ao certo para onde devo trilhar meu próprio caminho, mas a verdade é que toda vez que estou sem rumo, carregando apenas a minha bússola sentimental, eu sei que eu me acho.

Eu queria te dizer, para apagar todas as imagens que você tem sobre mim. Hoje carrego um desembaraço na alma. Eu mudei meu caminho. Eu descobri que o principal é seguir. Por muito tempo a gente se sente à beira do abismo. O caminho parece frio, deserto e com espinhos. E dói. Mas precisei entender que para seguir, mesmo não sabendo aonde ir, é preciso estourar a bolha que a gente mesmo constrói, numa parte distante e inóspita de nós mesmos. Deixei de me enganar na sombra de uma estranha força que por algum tempo me fazia julgar pouco merecedora de vitórias que a vida poderia me oferecer. Eu mudei. Continuar indo foi o remédio que aliviou todas as minhas dores, da cura, do medo de não encontrar a saída deste labirinto.

Quando você decide apenas seguir, ainda que a sua estrada esteja coberta com um monótono cinza, e mesmo que seus olhos ainda lhe pareçam cegos e só consigam enxergar o que pareça o fim, você se encontra entre o escolher seguir e o desistir. Entre descobrir que o cinza também é cor e que as lágrimas estão ali para limpar a alma e regar o coração. E que cabe a você decidir atravessar esta estrada ou ficar. Entre se jogar em uma nova descoberta em explosão de sentimentos ou parar de sonhar.

Eu queria te dizer que eu mudei. Precisei transbordar. Chegar ao limite. Mudar. Precisei seguir para me permitir estar aberto a novidades e experimentar novas possibilidades todos os dias. Para seguir neste caminho, precisei começar de novo. Da estrada do arrependimento, meu coração foi o único capaz de me tirar dela.

Estrada certa em ruas tortas. Não importa. Eu senti medo. Mas o que me fez ter a coragem em mudar foi escolher que o medo não iria influenciar as minhas decisões. Escolhi que meu novo caminho seria bonito. Feito de cores e de todo querer de Deus.

Respirei fundo. Perdoei meus erros. Aceitei as minhas ironias. Reconheci que a felicidade nunca será perfeita. Remexi minhas emoções e olhei no espelho que ainda guardava dentro de minha mala, agora já vazia, com o reflexo de que eu era única e que o brilho que eu procurava morava aqui dentro e que, naquele momento, eu estava pronta para pegar uma tela em branco e usar novas cores para pintá-la. 
Então, sorri. E segui.


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