Abri mão de tanta coisa
para ficar ao teu lado. Fechei os ouvidos às críticas e conselhos dos
meus amigos. Abri mão de estar em lugares para estar contigo, porque
acreditava que você estava ali comigo. No final das contas a gente só percebe
que alguns esforços são desnecessários quando a vida te esfrega na cara o quão trouxa
você era. Lembro que um dia você disse: “eu não sou tão bom quanto você imagina”.
Não dei muita bola para o que li, porque não queria perguntar o motivo daquela
frase. Deixei que ela passasse despercebida.
Você tinha o meu coração de uma maneira tão bonita. Nunca havia amado alguém até encontrar
você. Com você fiz os meus maiores planos e por você eu deixaria o que construí.
Tudo porque não te conhecia, não é mesmo? Hoje eu percebo que você tinha razão
ao dizer que não era tão bom quanto eu imaginava. Eu te pintava tão bonito, tão
justo, tão honesto, tão amoroso. Eu te desenhava como a melhor pessoa do mundo.
Só que você era somente a projeção daquilo que eu sonhava. Você era um amor
idealizado por mim.
Amava a sua forma de me contar sobre a vida, de cuidar dos meus
passos e de mim. Amava toda a
importância que eu achava que tinha. Assim como todas as outras deviam amar
também. Olho para você e não consigo entender o porquê de tudo isso. De você dizer que me amava e ter mais quatro pessoas em sua vida. Como você conseguia administrar tudo isso? Como você
conseguia se mostrar presente a todas nós? Quanto sangue frio.
Olho para você e não consigo reconhecer quem você foi um dia. Tudo
parece tão distante e sem sentido. É como se você nunca houvesse existido ou
como se apenas tivesse morrido. Sabe quando alguém morre e choramos porque
nunca mais o veremos? É assim que sinto. Quantas desconfianças eu guardei para
no fim descobrir que tinha razão em nutri-las. Todas as moças que eu desconfiei
e todas as saídas com telefone desligado escondiam traições e mentiras. Mil
mentiras. Quantos corações mais você destruirá? Você nunca me amou, não é
mesmo? Você nunca as amou. Você não ama
ninguém a não ser você.
Como eu amava te desconhecer. E sem lágrimas nos olhos, apenas com um buraco em meu peito – aquele que tanto te guardou, eu reconheço que não te amo mais. Pois seria uma violência contra meu coração ainda manter qualquer sentimento por você. De todas as coisas boas que você poderia ser em minha vida, de todas as boas lembranças que você poderia me deixar, você escolheu ser nada. Ser apenas um borrão em minha memória. Algo que me faz querer acordar quando, vez ou outra, eu sonho com você.
Como eu amava te desconhecer. E sem lágrimas nos olhos, apenas com um buraco em meu peito – aquele que tanto te guardou, eu reconheço que não te amo mais. Pois seria uma violência contra meu coração ainda manter qualquer sentimento por você. De todas as coisas boas que você poderia ser em minha vida, de todas as boas lembranças que você poderia me deixar, você escolheu ser nada. Ser apenas um borrão em minha memória. Algo que me faz querer acordar quando, vez ou outra, eu sonho com você.
Talvez esse segundo personagem ame tanto essa pessoa que a escritora ainda não conseguiu ver em seus versos o quanto ela é importante pra éle.
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