Amor-próprio não é esnobar ou ser
indiferente à pessoa que – em determinado momento – nos fez sofrer. A palavra
se auto-explica. É amar a si mesmo. É ter em mente que a primeira pessoa
importante da sua vida é você, se olhar com gentileza e, acima de tudo, se cuidar.
Sei que é muito fácil virar para você e dizer: “se ame, se valorize!”. O problema é que nem todos conseguem
enxergar esse valor que tanto nos apontam. Muito ouvimos dos nossos amigos: “você precisa se amar mais”, “você precisa
se valorizar”, “não permita que ele faça isso com você”, e inúmeras outras
frases. O problema é que nem sempre estamos dispostos a ouvir e cá entre nós, é
um pouco dolorido ouvir de alguém que não nos amamos. A tendência é sempre
negar o óbvio.
Costumo sempre dizer que nós estamos
onde nos colocamos na vida da pessoa. Se você permite que o outro te subjugue,
te coloque debaixo de seus pés, isso se tornará algo constante e rotineiro. A
gente precisa entender que relacionamento não muda a nossa essência, não nos
escraviza ou nos faz acreditar que estarmos com a pessoa é privilégio. Não podemos
nos acostumar com os desmandes do outro por medo do rompimento da relação.
Pessoas vêm e vão a todo o momento. Quantas vezes você achou que não superaria
um término e, logo após, se viu recomeçando. Recomeçar é lindo! É desgastante? Talvez seja. Mas, acredito que
mais desgastante é viver ao lado de alguém que não se importa com seus
sentimentos, te acorrenta ou te faz acreditar que você não merece o amor.
Amar deve ser um exercício contínuo.
Você tem que se olhar no espelho e dizer: “o
que eu faria por essa pessoa (eu)? Para fazê-la feliz?” Sei que na teoria é
muito fácil eu indicar a você a solução do seu problema. Eu também já me fiz de
capacho para alguns ex-namorados, já me mantive no chão e me permiti ser
pisada, já deixei minhas vontades e, até mesmo, a minha razão de lado para
conseguir harmonizar uma relação que eu imaginava ser mais importante que o próprio
ar. Valeu a pena? Não. Aliás, elas me serviram de aprendizado. Eu costumo
dizer, ainda, que nem toda dor é em vão, elas nos edificam e nos mostram por
quais caminhos devemos ou não seguir. Em que lugar devemos ou não permanecer.
A gente só precisa manter a cabeça tranquila e pensar se vale a pena
tanto esforço em manter ao nosso lado alguém que não deseja estar por livre espontânea
vontade. E se perguntar: “quem não te responde ou te deixa dias no vácuo merece
sua atenção?”, “eu quero alguém que me trata com grosseria ou que só é
romântico quando está interessado em alguma coisa?”, “eu quero viver ao lado de
alguém que me faz, a todo o momento, acreditar que eu estou louca ou que sofro
de paranoias?”, “eu quero me relacionar com alguém que é uma incógnita e que eu
precise ativar as configurações do Facebook para acompanhar cada passo ou
stalkear o tempo inteiro com medo de ser feita de trouxa?"
Relacionamentos não devem ser prisões. Você não tem que ser carcereiro
de ninguém. Não seja mãe/pai do seu parceiro. Não queira vigiá-lo em tempo
integral. Não se submeta a viver um amor de aparências com medo de ficar
sozinha, não aceite migalhas ou fragmentos de afeto. Quem está ao nosso lado precisa
estar de corpo inteiro. Amor-próprio é, acima de tudo, respeitar seu coração e
desejar manter nele somente quem te fará bem. O amor entre duas pessoas pode até acabar. O que não pode ter fim é a relação de respeito que você tem consigo mesma.
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