Despedidas doem - miseravelmente - e têm o poder de tirar o chão debaixo dos nossos pés. Elas acontecem de forma sorrateira. Você está tomando seu café da manhã e recebe um torpedo do outro dizendo que não poderá te acompanhar no jantar à noite, você recebe um e-mail desmarcando o cinema de quarta-feira ou você discutirá em uma troca de mensagens no whatsapp levando à ruína aquilo que parecia ser tão certo e preciso.
Amores vêm, vão e isso não é novidade para ninguém. O que se torna inédito é a forma que eles saem de nossas vidas, esvaziando as cômodas, enchendo suas malas e deixando a casa cheia de eco, sendo interrompido, apenas, pelo som abafado de nossas lágrimas. Quando um amor decide ir embora ele leva muito de nós e deixa tanto de si e o problema está, exatamente, nesse deixar. A gente vê a escovas de dentes no banheiro, a roupa íntima que ficou esquecida em uma gaveta qualquer, a gente vê, inevitavelmente, a imagem dele projetada em nosso sofá em uma tarde de domingo. Onde costumeiramente assistíamos nossas séries preferidas.
Lembranças excruciam, doem de forma latente, mas elas se esvaem com o tempo. É necessário vivenciar o luto de um término, abraçar a dor que nos assola e chorar os rios que se acumulam em nós. Somente após te doer é que você terá condições de, em um determinado momento, avaliar o porquê de tanto sofrimento. Alguns amores valem as lágrimas, outros nem tanto. E a mágica da vida é essa: saber que amores têm o poder de se eternizar em nós negativa e positivamente.
Seguir em frente é uma opção que nos é dada após o término, mas, muitas vezes, insistimos em fincar os nossos pés no solo e nos transformamos em árvores plantadas em nossos passados. A dinâmica da vida nos permite ser e estar onde quisermos. Entretanto, cabe somente a nós decidirmos qual é o lugar que nos abarca. Eu jamais me demorei onde não me cabia, chorei diversas vezes por achar ter perdido algo que era meu, contudo, devemos entender que a gente só perde aquilo que realmente nunca foi nosso.
Quando nascemos a nós nos é dado, também, o volante de nossas vidas. E aos poucos vamos aprendendo a caminhar, dirigir pelas estradas da vida. Seguir em frente - em todas as questões de nossas vidas - implica em escolhas. Nós podemos escolher estacionar na vida de alguém, passar de visita como um andarilho ou desfazer as malas e fazermos morada ali. E o bonito de tudo isso, não importa em qual etapa você esteja, é saber que chegamos a esse destino com uma única e simples decisão: seguir em frente.
Foto: Théo Gosselin.
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