terça-feira, junho 26, 2012

Eu gosto de você?








Querido Alex,




É tão complicado para um homem dizer: "eu gosto de você", sem soar compromisso? Acho tão absurdo esse seu jeito de lidar com as coisas, como se tudo tivesse segundas intenções, como se tudo o que sai da mim boca dêvesse ser analisado, porque tudo - segundo você -, que eu falo é seguido de entrelinhas ou subentende-se algo. Não. Não é!



Vamos combinar uma coisa? Quando eu digo: "gosto de você". É somente isso. Gosto! Não é um pedido de namoro, de casamento, não estou querendo tomar o chá das cinco com sua família, não quero ficar dormindo na sua casa de conchinha e muito menos deixar uma escova de dentes reservas no seu armário do seu banheiro.



Desculpe, quer dizer, desculpe é o caralho. Eu venho tentado contornar a situação há tempos, tentado colocar na cabeça que você só está com medo, que a sua ex-namorada continua no seu pé, mas quer saber? Cansei. Eu sou maravilhosa, tá! Não é isso que você diz sempre. Então, eu sei que sou M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!!! E apesar de você não enxergar isso eu estou pouco me fudendo para você. Se quer saber.



Acontece, meu bem, que pedir desculpas para alguém não arranca pedaço. Reconhecer um erro é uma virtude e, infelizmente, você não é tão virtuoso assim. E sabe, eu simplesmente não me importo com o que você irá pensar depois que ler essa carta. Você não se importou comigo quando me deixou esperando até às 3 da madrugada, não se importou em responder os meus sms suplicantes e muito menos em ser arrogante quando na verdade eu só queria me redimir e consertar o nosso caminho. Quer saber? FODA-SE você.



Com amor,
Clarice.

segunda-feira, junho 18, 2012

Você me bagunça.




"Lapida-me a pedra bruta, insulta, assalta-me os textos, os traços."
O Teatro Mágico


Absorta.
Esse adjetivo vestiu-me perfeitamente aquela manhã. O visor brilhava e o seu nome, há muito esquecido, arrancou-me suspiros e além de despertar uma dúvida: atendo ou não? E então, depois de chamar - alguns breves segundos -, senti a necessidade "curiosística" de atender. E então minha voz soou mansa, quase inaudível, e eu não sei ao certo o motivo. Acredito que um misto de espanto, despero, saudade e porque não dizer: amor.


É que você me bagunça. E não é apenas uma frase solta qualquer. É como eu realmente me sinto quando você, docemente, pronuncia o meu nome. Acredito que se onze anos não foram capazes de acalmar essa chama que arde cá dentro, outros mais não serão suficientes. É que você, beibe, consegue causar em mim todas as sensações inimagináveis. É como se você soubesse tocar meu âmago. Ou como se você percebesse: ei, tô muito ausente. o coração dela vai me esquecer. E então, eu imagino que você deve ter um relógio que além de cronometrar esse tempo, te aviso quando é hora de aparecer.


E esses dias, para ser mais exata, na noite seguinte a sua ligação estava lendo e de repente meus olhos pousaram sobre a seguinte frase: "eu amo você, mas não gosto mais de você." Então eu imaginei redigindo aquilo para você. E embora eu acredite, que o tempo tenha calcificado em meu coração o amor por você, a minha cabeça e todo o resto do meu corpo prova o contrário. Porque mesmo sem querer: você me bagunça por inteira.

terça-feira, junho 12, 2012

Do amor e outras merdas.

Ela tem uma, hedionda, mania de embonitar as coisas. Desde sempre. Deve ter adquirido ainda na infância, quando sua prima lia contos sobre príncipes que escalavam torres e enfrentavam dragões e bruxas horrendas para salvar suas princesas. Se pudesse voltar no tempo, talvez, escolheria ouvir histórias de terror ou a narração de um jogo de futebol qualquer. Só que ela perderia sua essência, seu encanto. Não seria a mesma.


E então, ela se pergunta: por que mudar para se moldar a alguém? Ela não poderia simplesmente continuar escrevendo poesias, acreditar que o amor existe e que ele está próximo, contar suas pidas - mesmo não sendo boa nisso -, falar pelos cotovelos e mostrar que a sinceridade e a autenticidade são virtudes que as encanta. Bah! Acontece que a vida seria bem mais fácil se ela fosse controlada, falasse não dúvidas, se não tivesse ímpetos desesperados de enviar sms para ele às 03 da madrugada. Se ao menos conseguisse dizer:"cara, tô feliz pra caralho e tu não me faz falta." Mas daí, se conseguisse, não seria ela.


E em meio a essa a confusão, ela lista duas teorias: uma estapafúrdia e outra até considerável. A primeira seria um homem com super poderes, assim com identidade secreta e tudo. Aquela história que conhecemos bem, aranhas radiotivas, kriptonita. E então, ela se imagina como a mocinha que não pode ser vista, aquela super-protegida, afinal os arqui-inimigos não podem saber de sua exista. Okay, essa é insana. Mas daí ela pensa na segunda que é o modo como ela reage com relacionamentos, não sabendo distinguir o que é permitido e do que não é, masculinizou-se com todas aquelas conversas que o primo ensinara, que não se deve fazer isso, não deve fazer aquilo. Ou talvez, a moça apenas não tenha encontrado alguém que descobrisse, enxergasse, ao fundo o que há em seu coração.


quarta-feira, junho 06, 2012

Sobre você.

O som se foi há horas, apesar de o rádio continuar sintonizado na nossa estação predileta. Eu queria andar um pouco lá fora, mas o Sol resolveu tirar folga - e, mesmo que não houvesse -, isso também tem sido difícil ultimamente. Meu coração feito pedra, continua aqui, nem descompassado bate mais. E, embora eu creia, não há chances para nós. Só que eu queria te dizer: eu tenho uma coisa sobre você.

terça-feira, maio 22, 2012

Costura-se um coração

Eu queria ter o coração imaculado dos meus cinco anos de idade. Aquele que ainda não havia sido cerzido diversas vezes, que não tivesse marcas de costura. Contudo, o coração já anda tão desgastado que eu penso: - será possível ainda sofrer? E então, como não obtenho respostas vou me aventurando por aí. Afinal, meu coração é meio boêmio, gosta de aventura, das ondas molhando os pés as duas da madrugada. Concluindo: é meio vagabundinho.


Só que ando meio cansada de toda essa libertinagem. Essa história de não ter lugar onde pousar, não ter raízes - ou melhor-, não ter terra profunda o bastante para que elas se fortaleçam. E então, eu penso que ando fora do tempo, que já sou um pouco antiga, que não tenho mais idade para [re]começar.


E enquanto eu olho para o reflexo no espelho, mudo a tonalidade de voz para alcançar meu próprio coração, com tons que mudam de manso a severo. Complicado é convencer "alguém" tão genioso a fazer o que a cabeça acha que é correto. Difícil é entender o que se passa dentro, quando não se sabe o que acontece fora. E nesse emaranhando de confusão, acho que na verdade queria algo [ou alguém] que me completasse.



E mais uma vez eu respondo um questionamento com a palavra: difícil.

sexta-feira, maio 11, 2012

Igreja do seu coração.

"I believed in church of your heart.
Roxette"

Deitei sob as estrelas ontem à noite e enquanto ligava-as, como uma criança que completa seu dever de casa, formei teu coração no céu. Faz algum tempo que vi aquele sorriso largo em direção a mim, mas ainda lembro a perfeição de cada traço do seu rosto. É algo estúpido, confesso. Mas não te admirar em meus pensamentos parece desperdício, compreende? Esse entorpecente que alimenta meus pensamentos me é, de alguma forma, necessária.

Essa poesia toda que venho escrevendo é culpa sua, sabe. Essa ideia de embonitar as coisas, de transformar formigas em personagens magníficos, de criar pretextos para alcançar seu coração. Eu não compreendo quando comecei a perder o controle de mim mesma. Quando resolvi entregar as chaves do meu coração, colocar em suas mãos parte de minha alma, confiar os meus segredos e confessar qual o tijolo que sustenta meu edifício.

E eu queria acreditar que discar o seu número seria suficiente para me colocar novamente em sua vida, que seu ligasse você estaria de prontidão para atender e enquanto eu deslizo os dedos pelas teclas, eu rezo para que você esteja sozinho. Porque eu tenho uma coisa para lhe dizer, essas coisas poéticas que você sabe que vem de mim, como: passear sob o Sol, olhar juntos a estrela D`alva.

Só que meu coração está aqui acompanhando - descompassadamente -, cada toque do telefone. Porque eu só precisava mesmo te dizer que eu ainda acredito. Ainda acredito na igreja do seu coração.
Acredito.