Perdi as contas de quantas vezes iniciei este texto. E, percebi que nem sempre sou dona das palavras. Agora, por exemplo, elas me escorrem pelos dedos. Feito água que colhemos com as mãos em um rio. Há 365 dias fiz a melhor escolha da minha vida: bater na porta do seu coração. Eu me convidei, sem nenhum cerimônia, a adentrar os cômodos de sua vida. Eu não entendia o porquê daquilo. Da vida me esfregar a todo instante o teu sorriso em minha timeline. Confesso, ainda, que a insistência foi a responsável por me impulsionar a tocar a campainha.
E eu bati.
E de repente você me abriu a porta sem questionamentos. Apenas abriu e, timidamente, eu me instalei ali. E por alguns longos meses me mantive, sem nenhuma querência, sem muitas manifestações, apenas fiquei ali: estática, imóvel e sem tanta importância. Até você me notar. Até eu te notar.
Eu que te amava por tabela, e não sabia, no sorriso de uma pequena de olhinhos puxadinhos. Hoje compreendo melhor os desígnios de Deus. Eu que te olhava vez ou outra e não entendia o porquê de sentir, em meu coração, que os lugares que você frequentava para mim eram familiares. Hoje entendo que o amor é um lugar, e que você hoje é minha casa.
A gente passa a vida inteira buscando alguém. Quando na verdade a gente é que deve se deixar encontrar. E eu te encontrei. Você me encontrou. Nós nos encontramos. Nos esbarramos nas uvas passas que as famílias colocam nas comidas natalinas, numa canção de Kid Abelha que sem habilidade eu toquei e te chamou atenção, nas fotos de pai e filha que enchiam os meus olhos de amor.
E nos encontramos, meu amor.
E hoje minha vida anda desnuda diante dos teus olhos e, acredito que a melhor forma de se amar alguém é se despindo por inteiro. Já não tenho roupas, meus chinelos estão espalhados pela casa, os meus óculos estavam na cômoda de manhã cedo e agora já não sei mais. A vida se desenha despreocupada. E os dias correm em passos miúdos e sorrateiros.
E nos encontramos, meu bem.
Nas noites que avançam a passos largos. Nos sorrisos que você me dá e nos meus que te devolvo. Em nosso olhar fixo, e verborrágico, que nos falam mil palavras. Nos sonhos de criança que dividimos. Na loucura quase que adolescente que compartilhamos. Nos planos de adultos que tecemos. Na vida que tão longe ainda esperamos.
São 365 dias que eu te encontro, meu amor.
E você me encontra.
E nos nós encontramos.
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