►Ouça enquanto lê: Dia Especial, Tiago Iorc.◄
Nós somos um amontoado de angústias, desejos, dúvidas e sensações. Nós somos a nossa criação e o modo como observamos o mundo que nos cerca. Abraçar alguém, chamá-lo para morar em nossas vidas, não é uma simples tarefa. É necessário que abramos não somente a porta da casa, mas é preciso que se apresente os cômodos por inteiro. Trazer alguém à nossa vida requer cuidado. Não porque o outro venha de assalto e te roube a vida, mas porque é fundamental que saibamos que a casa não ficará arrumada da mesma forma. Haverá dias que em cima do sofá ele deixará um prato sujo, outros em que ela deixará a calcinha pendurada no registro do banheiro ou, deixará, ainda, que o cachorrinho deite em cima da cama.
Haverá dias que a vontade de sumir será maior que o desejo de ficar. E, nem por isso o amor deixará de existir. Haverá dias em que nós amaremos baixinho. Dias em que nós fixaremos o olhar na foto recém mudada no whatsapp ou que fecharemos o olhos e lembraremos o quão bonito é o sorriso dela. Dias em que sorriremos ao lembrar dos cinco dedos na perna dela e a vontade esmagadora que tinha de sair mordendo porque a achava "fofinha" demais. Haverá dias difíceis em que a razão brigará com o coração. E então, o danado do coração, nos lembrará do adeus no metrô e das seguidas mensagens: "vamos comigo, ainda dá tempo, por favor!"
São nesses dias tenebrosos que a vida levará o amor à prova. Queremos viver intensamente apaixonados. E não compreendemos quando a vida muda um pouco aquilo que imaginávamos. Apaixonamos ao longo de nossas vidas inúmeras vezes. Mas amar, ah! Amar é algo de outro mundo. Só quem experimenta o amor recíproco é que sabe a dádiva que é olhar nos olhos do outro e ver um eu te amo sem ser pronunciado. Só que se vê dentro do outro sem medo, sem culpa, é que sabe o quanto vale a pena toda a distância e todos os dias riscados no calendário.
Amar requer paciência. Quando decidimos por alguém, por amá-lo, abraçamos não somente suas qualidades, mas os defeitos, os traumas, as manias e uma porção da bagagem que ele carrega consigo. Amar é uma luta diária e só nos damos conta disso quando os defeitos começam a surgir. Nós olhamos para a pessoa e dizemos: "ei, vou te devolver para a sua mãe. Ei, vou fazer uma queixa no PROCON". Brincadeiras à parte, amar requer olhar para o outro e compreender que haverá dias em que discordaremos e que os defeitos gritarão demais. Mas quem ama entende que não há nada neste mundo que não possa ser mudado, corrigido, ensinado.
Amar é sofrer um pouco. Quem não ama dá adeus sem pestanejar, não se prolonga demais na casa, não aguarda a xícara de café. Quem não ama simplesmente vira as costas, não se importa se o outro está sofrendo, se está tomando seus remédios ou se alimentando direito. Quem não ama não vê a face do outro na música preferida dos dois, não tem noites insones pela preocupação do amanhã. Quem não ama não se importa se o outro está tendo um dia de cão. Só quem ama é que sabe o quanto a pessoa se faz presente mesmo quando está ausente. O quanto ela significa nos momentos difíceis e o quanto é bom correr para ela e contar as suas vitórias.
Quem ama compreende o tempo de Deus. Aquele tempo em que Eclesiastes 3 diz: que há tempo para tudo debaixo dos céus. E quem ama, também entende, e sabe que o amor de Coríntios 13 é a maior explanação do que ele representa. Amor é benigno, mas, acima de tudo, tudo espera. E sabemos que amamos alguém quando tudo nos indica a partir, mas o coração a todo momento deseja ficar. E ficamos. A gente não escolhe o amor. Ele que nos abraça.
Amor de verdade não se joga fora. Amor se conserta, se remenda, se costura.
Amiga linda,
ResponderExcluirVocê está tão madura dentro desse amor. Tão segura. Tão linda. Seu brilho chega até aqui.
Obrigada por me permitir te olhar daqui e te sentir assim. Em paz. Me faz feliz.
Um beijo meu.