Não é o mês de agosto que me faz chorar incessantemente. Não é o calor de Brasília que frita os meus miolos, muito menos a fumaça que insiste em cobrir o cerrado e coçar meu nariz que me tira o ar. E o problema todo é: eu não reconheço. Qual é o problema? Eu queria continuar a escrever simplesmente pelo prazer de olhar a beleza das letrinhas que vão formando lindos contos. Eu queria acreditar que eu ainda consigo escrever algo que realmente preste. Mas, eu não consigo, eu não consigo. Talvez eu devesse me esforçar mais. Talvez.
Eu queria ter sonhos de criança, mas eu não queria ser a criança que fui. Não em alguns momentos. A minha infância me dói, arde e ela permanece tão viva e aberta, tal qual uma ferida a cicatrizar.
Eu queria ter sonhos de criança, mas eu não queria ser a criança que fui. Não em alguns momentos. A minha infância me dói, arde e ela permanece tão viva e aberta, tal qual uma ferida a cicatrizar.
Tenho saudades das minhas bonecas. Saudade de esperar meu pai chegar em casa com cocadas e doces de abóbora. Sinto saudade de pentear-lhe os cabelos, de ouvir as histórias que o meu avô nos contava, a mim e meus primos, na calçada. Eu sinto saudade de brincar de pique-esconde com meus vizinhos, de atravessar a rua de mãos dadas com o Alan. E sinto, sinto, sinto. Que me falta tanta coisa e eu não sei. Que há um oco dentro de mim, que ao mesmo tempo que eu sinto, eu não consigo sentir. Tenho saudades de tantas coisas, que no final; resumindo - sinto saudade é de mim.
Onde é que eu deixei a mala com a minha felicidade? Em qual estação? Eu invento poesia, invento história desde sempre e as pessoas acham tão lindo, que menina talentosa. Quando na verdade não compreende que eu escrevo para me esvaziar da dor que eu sinto. Essa dor que eu sinto desde sempre e não é nova. E então quando eu digo que estou chovendo, que meus olhos estão "neblinados", as pessoas suspiram. Por quê? É dor. A dor é bonita? A culpa é minha, fico vestindo as minhas aflições com seda, mascarando a dimensão delas e todos pensam: é literatura. Porra. Por que eu estou aqui, assim e sem ideais? Eu vejo tantas portas, tantas saídas e me falta força nas pernas para caminhar. Falta-me coragem.
A verdade é que eu gostaria, realmente, escrever sobre amor é gostar de ler. A verdade é que a cada dia eu vou morrendo um pouco mais.
E talvez, talvez amanhã eu não esteja mais aqui.
[desculpem, mas eu realmente tirei os comentários desse post. obrigada]