Eu preciso ir embora.
Não
porque não exista amor da minha parte ou porque não receba o mesmo afeto de
você. Preciso ir embora, porque não consigo enxergar um amanhã em que não
soframos por alguma razão. Porque não consigo admitir que você abra mão de tudo
o que conquistou até aqui. Porque a minha insegurança (ou a segurança de ser quem
sou) não me permite dizer adeus às coisas que a vida me concedeu até aqui.
Eu
preciso ir embora.
Porque não dá para viver mergulhado em devaneios. Porque dentro de mim pulsa a urgência de viver um
amor real, em sua totalidade, um amor pertinho, mansinho e bem facinho de viver. Preciso ir embora
antes que seja tarde demais, antes que eu me perca no labirinto que há em teus braços.
Preciso partir enquanto a raiz não está tão profunda (acredito eu).
Sei que não é a primeira vez que parto por medo. Mas é a primeira vez que vou embora querendo
ficar. É a primeira vez que faço as malas chorando por saber que é real,
recíproco e, ainda assim, impossível de acontecer. Quisera esbarrar no amor que
Cazuza cantava: “um amor tranquilo com
sabor de fruta mordida”. Só que meus pés parecem caminharem sempre no
sentido oposto. Tropeço nos próprios pés emaranhados de sonhos impossíveis.
Sei
lá.
Acho que preciso ir embora logo. Abrir mão de você, do que sonhamos, para – quem sabe,
algum dia abraçar algo concreto. Desculpe. É que infelizmente, os sonhos que
sonhamos até aqui são tão intangíveis e surreais que consigo vê-los dobrando a
esquina do meu coração sem dizer adeus. Mais uma vez.
Eu
preciso ir embora porque não suporto mais essa minha obsessão por amores platônicos
e porque percebi que por mais que eu queira que você me resgate da torre; não
devo mais me comportar como uma princesa à espera de um príncipe e um cavalo
alado. Porque, no final das contas, eu sei e você sabe que finais felizes exigem
de nós uma coragem que não temos.
Nem
eu.
Nem
você.
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