Hoje
participei da palestra “Gestão da Emoção” com o escritor Augusto Cury e me
senti encorajada a falar sobre esse assunto que há dias penso em escrever. Falar
sobre suicídio é um tabu e sugere-se que seja um assunto silenciado por
acreditarem que a sua divulgação seja um gatilho estimulador. Entretanto,
acredito que hoje, em meio a tantos casos, faz-se necessário à sua discussão.
Antes
de vocês lerem o meu texto gostaria de pedir que vocês façam uma leitura livre
de pré-conceitos e preconceitos. Que leiam atentamente e de coração aberto. Escreverei
aqui como uma pessoa que perdeu 3 pessoas da família e alguém que luta
diariamente contra esse sentimento.
Semana
passada uma amiga tentou suicídio e quando eu soube fiquei em estado de choque.
Mas ao contrário de muitos que disseram: “mas ela tem tudo”, “mas ela parece
tão feliz”, “mais isso e aquilo”, eu apenas me peguei pensando sobre o quão
pesada e avassaladora deve ter sido sua dor a ponto de atentar contra a própria
vida. Eu pensei nela, lembrei de mim e das minhas inúmeras crises existenciais
e de ansiedade. Eu olhei para o meu interior e enxerguei o buraco que há dentro
de mim que, por mais que eu tente, não consigo preencher.
Nós
precisamos mudar a nossa mente em relação ao suicídio. Quem tira a própria vida
não quer de fato morrer. A pessoa quer viver, quer viver muito, mas não
consegue. Não encontra condições suficientes e necessárias para levar a vida
adiante. Quando eu lembro do meu avô e meus tios eu não os julgo por uma
simples razão: eu sei o quanto a vida é pesada, porque eu a sinto diariamente
me derrubando no chão. Há dias mais fáceis, mas nem todo dia é bom. Há dias que
são angustiantes e por mais que eu explique aqui, que eu escreva, você não
compreenderá. Porque é necessário estar na pele para sentir na carne.
Não
é falta de Deus. E eu acho de uma extrema ignorância as pessoas atribuírem isso
à religiosidade. O suicídio é o “ápice” de uma doença maior: a depressão. É,
como muitos dizem por aí, a solução rápida para um problema que é temporário. Mas
quem comete suicídio não tem tempo para pensar no amanhã ou avaliar se as
coisas mudarão. Ele só pensa em acabar com aquela dor que sente. Ele só quer
cessar com tudo.
Conheço
inúmeras pessoas felizes que sofrem de depressão. Você também deve conhecer.
Sabe esse colega de trabalho que ri de tudo e faz piada com tudo e todos? Ele
pode chegar à casa e sofrer silenciosamente à noite. Sabe aquela pessoa que é
admirada por todos e que tem a grama mais bonita da vizinhança? Ela também pode
sofrer. Recentemente tivemos vários casos de famosos que tiraram a própria
vida. Pessoas, aparentemente, com vidas perfeitas. Ou seja, a depressão é uma
doença silenciosa e quase que invisível. É preciso que estejamos atentos a quem
amamos para podermos identifica-la. Para que possamos apoiar quem amamos.
Há
algum tempo decidi procurar ajuda profissional, porque percebi que não era
autossuficiente e que eu não poderia me curar sozinha. Porque eu realmente
QUERO VIVER, mesmo que minha cabeça fale que não. Porque eu tenho planos e sonhos
que quero realizar. Às vezes nós precisamos entender que não temos real domínio
sobre nossa vida e que muitas vezes precisaremos do auxílio de outras pessoas
para seguir em frente; sejam elas amigos ou médicos.
Eu
decidi por mim.
Porque eu quero ver meus sobrinhos crescerem, porque eu quero conhecer vários países,
porque eu quero ter meus filhos, publicar mais livros e plantar algumas
árvores. Porque eu compreendi que minha vida não pode se resumir ao meu quarto
escuro aos finais de semana. Porque eu entendi que a minha ansiedade nada mais
é que o desespero por não saber por que caminho seguir. Mas eu estou disposta a
encontrar esse caminho mesmo que a estrada seja árdua e que o fardo me doa. E
se eu não conseguir carregar eu dou permissão a quem me ama a me ajudar a
carregar.
Acreditem.
Eu quero viver.
Quero muito.
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