Meus braços envolvem as tuas pernas enquanto olhamos as corredeiras tão bonitas e gélidas. Elas insistem em lamber os nossos pés dando a nós uma sensação de abrigo. De casa! Casa é a tua vida. A minha moradia, desde que tu viestes embonitar os meus dias com a tua voz mansa, com o teu sorriso largo e a maneira simples de observar a vida. Tenho amado - cada vez mais - os dias que se seguem. As segundas-feiras já não me incomodam desde que tu estejas aqui. A paixão é um é uma liana que encontra sua árvore preferida. Ela abraça e aos poucos vai se moldando à sua superfície. E, aos poucos, as lacunas vão desaparecendo. Dão espaço às suas raízes. Enraizamo-nos.
Minhas pernas se enroscam nos teus lençóis, enquanto meus olhos desvendam as galáxias que existem nos teus. Há mais estrelas dentro de ti do que contabilizam o universo e todos os mares. Surpreendo-me ao constatar que o céu cabe ali - perfeitamente - dentro da tua íris, na tua retina que é uma cacimba profunda que me convida a adentrar. Adentro. Sem receio do que posso encontrar. Sem medir as quantidades de "ses" e "porquês", apenas entro e me deixo banhar nas tuas águas.
Tuas mãos entrelaçam a minha cintura e ao som de uma música qualquer dançamos debaixo da chuva. A vida parece tão pequena e ao mesmo tempo tão grandiosa diante desses episódios. Eu me vejo, mais uma vez, em teus olhos amendoados e, em uma pequena prece, eu agradeço ao destino. Agradeço pelos teus pés andarem sempre em direção aos meus, por tuas mãos sempre afagarem os meus cabelos como uma promessa de sempre estar, pelos teus lábios que sempre me cantam - beijando a face - uma canção bonita de se viver.
São raros os amores que nascem com destino certo. Mais raros, ainda, são aqueles que em vida o experimentam em sua integralidade. Meu coração é pousada que te acolhe, é sua residência fixa e precisa. Aqui te recebo e espero. As chaves, ah! Não há o que se falar de chaves quando se tem a chave-mestra.
Imagem: Théo Gosselin.
Imagem: Théo Gosselin.
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