quarta-feira, setembro 25, 2013

Quanta saudade cabe em um olhar


Ao amigo Charles J. Bravo.
Por ter me dado hoje – em um dia tão cinza –
 o vigor necessário para continuar.




Acontece que saudade não é coisa que se mede com fita métrica. Mas, conseguimos entender a sua dimensão em um abraço guardado em nossas memórias. Meu coração relembra – feito uma película cinematográfica -, o abraço caloroso e os olhos que anunciavam uma tempestade. Ele abraçando-me chorou sobre os meus ombros e sem esperar apenas acolhi. Até que a emoção transbordasse e inundasse o meu coração também. Ele trouxera do norte a docilidade que o centro-oeste desconhecia. Conquistou e roubou para si metade do meu coração.

Quanta saudade cabe em um olhar? Cabe a conversa de uma tarde inteira e confissões meio adolescentes. Cabe a história de uma vida inteira de decisões e decepções. Cabe também um adeus (não dado) aos pais em uma pequena cidade interiorana. Cabe a saudade de um amigo que partiu sem ao menos dizer adeus e que resta apenas a saudade em fotos na web. Cabe o olhar da menina que se apaixonada a cada palavra dita. Cabe a risada dos amigos rindo por ela não comer alga marinha. Cabe um lanche com esfinhas e batata frita sorrindo com a irmã da moça. Cabe os desejos de conhecer várias pessoas pelo Brasil e roubar um pouco de si a cada despedida.

E algumas pessoas não conseguem definir a palavra saudade. Ela é desenhada diante de nossos olhos a cada ação, a cada palavra dita e levada pelo vento. A minha saudade hoje é de um cara que tem o coração mais bonito que já vi. De um rapaz que merece ter a vida mansa e docinha só pelo fato de existir. A minha saudade tem nome é mora em Porto Velho. Essa saudade esteve sentada comigo por alguns minutos no ônibus da W3 Sul em direção a Rodoviária do Plano Piloto. Essa saudade ria descontroladamente, se fazia de esnobe para me arrancar sorrisos e ficava embasbacada com a falta de educação de alguns ‘brasilienses’.


Hoje essa mesma saudade me enviou um e-mail quilométrico que me arrancou lágrimas e um sorriso de orelha a orelha. Porque meu coração tem tentado caminhar nos últimos dias, mas tem doído muito. Eu reconheci o amor naquele rapaz e sei que ele reconheceu em mim. A amizade que é o amor que jamais morrerá. E hoje, ansiosa, eu aguardo pelo retorno e digo: “meu coração é porto-seguro, morada certa e casa de veraneio caso você queira voltar.”

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