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domingo, outubro 04, 2015

Coragem

*Pra ouvir ao som de Ela Manô - Coragem

Quis gritar. Arrumar as malas. Bater a porta e ir. Pra onde, não sei.

Enquanto despejo minha angústia nestas palavras mal organizadas, Manô me canta aos ouvidos:

"Amor não é assim, arrumar as malas e ir embora.
Amor não foi assim, o que combinamos eu já nem sei..."

Não. Não combinamos nada disso. Não combinamos nossas brigas por nada. Não combinamos esse desencontro de ideias, de opiniões. Não combinamos silêncio. Não combinamos a falta de tato. Não combinamos distância. Não combinamos as malas feitas. Não combinamos esse adeus.

A cena é típica de um romance de baixo orçamento. A cerveja esquentando em minhas mãos. O cigarro esquentando-me a garganta, obstruída por todas as palavras que eu não disse. Engoli, sem direito de resposta. Inflamou. A porta tão fechada quanto teus ouvidos para meus questionamentos. Os cabelos tão bagunçados quanto meu peito, depois de tanto guardar. A roupa tão usada quanto as tuas desculpas.

Minhas mãos suam. Contrariam, como sempre, o vento gelado que passa pela janela entreaberta. Quis ser folha, passear por aí com o vento. Quis ser menos. Tudo menos essa na qual me transformei. Quis não me importar. Quis ser qualquer coisa que se assemelhasse à garota segura, independente, disposta e compreensiva por quem você se apaixonou. Quis ser eu novamente, mas não fui. Não deu. Não dessa vez.

Gritei. Arrumei as malas. Bati a porta e fui. Pra onde, não sei.

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Depois de tudo

"Now it's about time i wrote you a letter
Hey baby, it's me for worse or for better
Got nothing to waste in pace for another lane
No loss, only gain (...)"
After All - Roxette

Eu tentei na medida do possível não ser tão eufórica e levar as coisas devagarinho, mas os meus gestos são sempre tão desgovernados que eu me perdi. Acho que essa minha transparência e minhas falácias sempre atrapalham um pouco o processo de descoberta, mas eu precisava que você soubesse de mim por palavras minhas e não deduções. Queria que não houvesse nada obscuro, que tudo fosse claro e límpido como um aquário que tem a sua água recém trocada, mas não foi isso que aconteceu. No meio do caminho havia uma pedra, como outrora dissera Drummond, e essa pedra nos derrubou e vi que não era possível me reerguer.

Olhei para trás e vi um pouco da gente derramado pelo caminho, eu via nossos pedaços por todos os cantos, eu via flores e rosas como trilha na estrada e vi, também, um o vagão descarrilhado no caminho. Acabou. Eu sei que não tínhamos um acordo e que o lance era só deixar rolar, e rolou, ladeira abaixo levando metade do meu coração. E eu vejo que o amor é  um ladrão que vem e assalta na calada da noite, que é o autor de poemas virais em minha cabeça de madrugada, é os porquês que todos os dias faço a mim mesma, é uma doença que corrói o que tenho de saudável por dentro.

Hoje eu quis lhe escrever uma carta bonita e, brevemente, pensei que você leria e deixaria de lado. Você não é dado ao amor eu (não) entendo. Imaginei também que poderia lhe enviar um  torpedo, escrevi em caracteres a perder de vista o quão você é importante para mim e como eu te quero para valer, mas a operadora vendo que era um surto lunático resolveu não enviar. Acho que ela é mais sensata do que eu. E olhando para o espelho, relembrando tanta coisa, eu percebi que é o momento de fechar a porta de vez. Não haverá lágrimas no travesseiro, porque o meu melhor tentei fazer. Acredito que esse triângulo amoroso chegou ao fim, pois não há espaço para mim, você e meu orgulho. É, o orgulho venceu.

quarta-feira, janeiro 30, 2013

233 sonhos;

"É tão estranho os bons morrem jovens." 
Legião Urbana


Estranho é ouvir essa música tocar incessantemente na "radiola" aqui dentro da cabeça. Sinto uma melancolia muito grande tomar conta de mim, porque sei o que é perder alguém que se ama. Nos últimos quatro anos perdi pessoas de forma tão abrupta quanto. Jovens que tinham uma vida inteira pela frente. Que teciam sonhos e planejavam um futuro de grandes vitórias, mas o amanhã não veio e sequer disse o motivo. Apenas não quis aparecer. A questão não é compadecer somente porque é "politicamente correto" isso, é que eu compartilho da dor. E sei que não haverá um sorriso ao chegar em casa, não haverá uma ligação combinando um cinema, não haverá um sms dizendo: "eu te amo", não haverá uma colação de grau, não haverá um anel de formatura. Não haverá.

O Brasil chora nos olhos do pai de família que assistindo ao Esporte Espetacular diz não acreditar no que vê. Chora nos olhos da mãe que tem filhos adolescentes e os espera todos os finais de semana depois de uma balada. Chora nos olhos dos avôs que criam seus netos tentando corrigir os erros que cometeram com seus filhos. Chora nos olhos dos irmãos que não souberam conviver com as suas diferenças e viviam em pé de guerra. Chora nos olhos dos amigos que não puderam dizer adeus. Chora nos meus olhos ao lembrar o quanto dói amar alguém que já não se pode abraçar.

Os meus olhos choraram e choram, não porque eu seja a mais sentimental, não porque é correto ser "humana" nessas horas. Chora porque algo de mim morre cada vez que eu leio uma notícia sobre as vítimas desse acidente, quando eu também tenho vontade de fazer um mestrado, quando eu também tenho pretensão de ser doutora em alguma coisa, quando a minha mãe também é jovem e poderia estar lá, quando os jornalistas usam de deduções para vender o seu "peixe", quando leio depoimentos daqueles que se salvaram, quando leio postagens àqueles que morreram.

E choro em saber que daqui 2 ou 3 meses para nós essas vítimas serão apenas estatística, história, enquanto que para os familiares e amigos serão um pedaço a menos em seus corações.