Acredito que as pessoas deveriam vir
até nós com uma bula especificando os malefícios que podem causar às nossas
vidas caso tomemos a dose errada ou, até mesmo, com uma placa brilhando em néon
apontando o grau de periculosidade que ela tem. Infelizmente nem um, nem outro.
As pessoas apenas chegam até nós vestidas da forma que elas desejam se
apresentar. A velha história do lobo em pele de cordeiro. E como enxergar,
distinguir um do outro? A resposta é única e objetiva: conhecendo.
Ao longo de nossas vidas nos deparamos
com príncipes, vilões, plebeus, guerreiros, tudo isso idealizado por nós.
Criamos em nosso imaginário a pessoa perfeita e livre de defeitos. Acredito,
ainda, que o amor esteja aí: ver qualidades onde não se tem. Quando se ama
alguém até o que é prejudicial a nós é amenizado pela ideia de que o outro não
tinha ou teve intenção de nos ferir. Aí é que mora o perigo.
As pessoas que entram e saem de nossas
vidas levam um pouco de nós, deixam muito de si e o problema está naquilo que
insistimos em preservar. Costumo dizer que a minha memória é de elefante para o
bem e não armazena aquilo que é nocivo a mim. A forma como lidamos com os nossos
sentimentos é que nos direciona ao caminho da felicidade. Embora, esqueçamos os
ultrajes e violações que o outro cometa contra nós, sempre haverá uma mancha a
macular aquilo que nasceu límpido. Cristalino.
Sempre acrescento que o coração é
semelhante a uma colcha de retalho, cada pessoa que passa tece em nós alegrias,
tristezas, e até algumas dores bem profundas. Algumas pessoas não sabem coser e
com a agulha costuram porcamente seus pedaços em nós. E eu lamento por isso.
Porque uma costura sempre será uma costura. Não há como tirar a linha
delicadamente, sem ferir o pano – em nosso caso o coração -, eu entendo que por
vezes haverão pessoas e pessoas a remendar as nossas vidas.
Mas também, entendo, que chegará um
ponto em que você não estará disposto a entregar seu coração a alguém. Quando
isso acontecer você saberá que não existem mais pontos a serem dados, porque
dentro de você já não há o que coser. As relações nascem para construir e,
muitas vezes, destroem. Eu não vejo esperanças para corações que chegam a esse
ponto e se você souber, por favor, me diga.
"O problema está naquilo que insistimos em preservar". Bem isso mesmo!
ResponderExcluirSe alguém te contar como, me diga também.
Beijos
Sabe Pâmela, que eu vejo esperança para estes corações? Existe um remédio que cure corações assim. O tempo. Muito bonito seu texto.
ResponderExcluirBeijos