quarta-feira, novembro 16, 2016

O jogo virou




E eu a perdi. Nunca dei valor a essa garota, quando me dei conta já era tarde. Eu nunca valorizei essa mulher que tinha ao meu lado, fazia questão de ignorar todas as chamadas dela. Adorava dar bolo nos finais de semana e tinha a certeza que ela continuaria ali me esperando. Ela nunca sairia para uma balada sem me avisar antes, aquela garota era dependente demais da minha pessoa. Ela estava apaixonada e eu tinha a certeza que isso a prenderia a mim. Tinha um jeito todo meigo, inocente e até meio carente. Não teria coragem de me deixar, porém o jogo virou não é mesmo.

Cheguei um belo dia em uma balada e vi uma mulher de costas, com um vestido preto e cabelos soltos, tinha todo charme e era exatamente isso que estava me chamando atenção naquela mulher. Estava de lado e eu notava o jeito com que ela segurava o copo e por algumas vezes alternava com o cigarro. Precisava conhecer aquela mulher, quando cheguei perto não acreditei, o que ela estava fazendo ali? Ela me olhou de cima a baixo e disse:

- O jogo virou não é mesmo? Hoje é minha vez de me divertir.

Virou as costas e partiu. De longe eu notava o poder que ela tinha, não parecia nada com aquela garota que eu conheci: sensível, delicada, toda cheia de medo e com aquelas manias tão lindas. Ela sorria colocando a mão na boca e quando ficava tímida as suas bochechas coravam. Ela tinha uma inocência misturada com uma malicia no olhar. Ela me deixou ali, babando por ela e percebendo o quanto tinha sido otário de não valorizar essa mulher. Porém como ela mesma disse, o jogo virou e hoje ela está por cima. Faz questão de frequentar os mesmos lugares que eu e por vezes me ignora, não atende mais as minhas ligações e evita qualquer tipo de contato. Hoje sou eu quem sofro por esse amor que eu não soube valorizar.

A garota dos meus sonhos partiu e eu nem tive tempo de segurar.


segunda-feira, novembro 14, 2016

Resenha - A garota que você deixou pra trás


LIVRO: A garota que você deixou para trás 
AUTOR: Jojo Moyes 
ANO: 2014
EDITORA: Editora Intrínseca 
PÁGINAS: 384  
SINOPSE: Durante a Primeira Guerra Mundial, o jovem pintor francês Édouard Lefèvre é obrigado a se separar de sua esposa, Sophie, para lutar no front. Vivendo com os irmãos e os sobrinhos em sua pequena cidade natal, agora ocupada pelos soldados alemães, Sophie apega-se às lembranças do marido admirando um retrato seu pintado por Édouard. Quando o quadro chama a atenção do novo comandante alemão, Sophie arrisca tudo a família, a reputação e a vida na esperança de rever Édouard, agora prisioneiro de guerra. Quase um século depois, na Londres dos anos 2000, a jovem viúva Liv Halston mora sozinha numa moderna casa com paredes de vidro. Ocupando lugar de destaque, um retrato de uma bela jovem, presente do seu marido pouco antes de sua morte prematura, a mantém ligada ao passado. Quando Liv finalmente parece disposta a voltar à vida, um encontro inesperado vai revelar o verdadeiro valor daquela pintura e sua tumultuada trajetória. Ao mergulhar na história da garota do quadro, Liv vê, mais uma vez, sua própria vida virar de cabeça para baixo. Tecido com habilidade, A garota que você deixou para trás alterna momentos tristes e alegres, sem descuidar dos meandros das grandes histórias de amor e da delicadeza dos finais felizes.

Em 1916 conhecemos Sophie Lefèvre, uma francesa que deixa Paris para viver no hotel da família em St. Perónne com seus irmãos Helène e Aurelien e sobrinhos, depois que seu marido o artista plástico Édouard Lefèvre foi convocado para lutar na 1ª Guerra Mundial. Sophie guarda com grande carinho e admiração um autorretrato feito pelo seu marido, ele fica exposto na sala de jantar do hotel. Em dado momento da Guerra os alemães utilizam o hotel para fazer suas refeições diárias, apesar das queixas de seus vizinhos, Sophie via isso como uma forma de ajudar sua família, podendo assim amenizar a fome que sentiam. Mas o que Sophie não esperava era que aquele autorretrato iria causar tanto fascínio em Herr Kommandant e que por conta disso ela acabaria entrando em um jogo de interesses que iria mudar completamente a sua vida.

Em 2006 na cidade de Londres, Liv Halston, tem pendurado na parede de seu quarto o quadro A garota que você deixou para trás que seu marido lhe deu de presente durante a lua de mel. Liv que no momento ainda vive o luto pela perda do marido à quase quatro anos, vê no quadro a melhor lembrança que se poderia ter dele. Na data da morte do marido Liv resolve sair para não passar aquela data sozinha e acaba indo a um bar gay, onde por ironia do destino sua bolsa é roubada, mas também onde conhece Paul McCafferty por quem sente uma grande atração. Mas mal sabe ela que conhecer Paul não seria uma surpresa tão agradável. Paul era o advogado da família Lefèvre que estava atrás do quadro que havia sido roubada durante a 1ª Guerra e tudo muda quando ele vê o quadro A garota que você deixou para trás no quarto de Liv.

E mais uma vez Jojo Moyes nos trás um livro com uma temática muito frágil e intensa. Esse foi o quarto livro que li da autora e mesmo assim continuo me surpreendendo com sua escrita e com a forma como consegue nos tocar diante de situações delicadas.

O enredo é todo construído em torno do quadro A garota que você deixou para trás. Na primeira parte tem como cenário a triste época da 1ª Guerra Mundial e na segunda parte os anos 2000. Sendo o mesmo muito bem desenvolvido durante a história e com um final de cair o queixo. Os personagens também são muito bem construídos, as protagonistas são bem parecidas, mulheres de personalidade forte e guerreiras, que vão até o fim para defenderem seus interesses, os personagens coadjuvantes da história também chamam bastante atenção um destaque todo especial a Mo, amiga de Liv. A primeira parte do livro é escrita em primeira pessoa, já na segunda parte do livro a narração é em terceira pessoa.

Gostei muito da leitura, livros que se passam durante a guerra sempre nos trás belas histórias. É uma história que te prende do inicio ao fim, devido aos absurdos que aconteceram durante a Guerra, pelo amor que Liv tem pelo quadro e para que tudo seja esclarecido e acabe bem. Apesar do cenário, trazer muita tristeza, miséria e todo o terror da guerra ele tem a mensagem de que nunca podemos desistir do que acreditamos.


QUOTE:

"Desconfio que o senhor e eu tenhamos definições diferentes da palavras valor." 

"Tentei me lembrar de quando eu tinha sido mais que uma coisa, quando até numa cidade cheia de alemãs eu tinha dignidade, inspirava algum respeito, mas era difícil. Meu mundo todo agora se parecia com aquele caminhão. Aquele chão frio de aço. Aquela manga de lã manchada de vermelho."

"Fiquei ali olhando para a garota e, por alguns segundos, me lembrei de como era ser ela, sem sentir fome nem medo, interessada apenas nos momentos que eu poderia ficar a sós com Édouard. Ela me fazia lembrar de que o mundo era capaz de beleza e que já havia existido coisas - arte, alegria, amor - que enchiam o meu mundo, em vez de medo, sopa de urtiga e toque de recolher. Vi Édouard na minha expressão. E então percebi o que eu acabara de fazer. Ele me lembrara d. minha própria força, que ainda restara dentro de mim para lutar."

"O que isso ensina a gente, Sr. Mc Cafferty, é que na vida há coisas muito mais importantes que vencer." 


sábado, novembro 12, 2016

365 dias que eu te tenho aqui

Para ouvir ao som de Eu amei te ver, Tiago Iorc.

Eu não me recordo a cor da blusa que ele estava usando no dia em que nos conhecemos. Também pudera: não tivemos um encontro "casual". Daqueles em que as pessoas se esbarram derramando café ou derrubando seus livros na avenida. A nossa história não é clichê. Nós não contaremos que os nossos olhares se cruzaram e ficamos hipnotizados ali; não diremos que o perfume ficou no corpo do outro após um abraço de apresentação; ou que ao nos tocarmos sentimos a alma do outro. Não diremos a ninguém sobre isso. Sobre essas casualidades. Por um simples motivo: não somos casuais. 

Conheci ele no Facebook. Isso seria bem clichê se, por acaso, ele tivesse dito: “oi, tecla de onde?” Mas ele só queria comer umas uvas passas, mas fez muito mais que isso: me fez sorrir. Eu não lembro a roupa que ele estava usando – eu repito, mas lembro o quanto ele me fez gargalhar naquela tarde de quinta-feira. E, o quanto eu quis sentar de perto e ouvir o sotaque gostoso que ele tem. O quanto foi desconcertante ouvir: “que voz de dengo que tu tem”, após eu enviar um áudio curtinho para que ele conhecesse a minha voz. Eu não sabia bem, talvez não compreenda ainda, mas abrir aquela janela, chamá-lo e dar boa tarde, foi uma das melhores coisas, a ideia mais acertada, que fiz até hoje em minha vida. 

Aos poucos fomos tecendo no coração do outro nossos pedaços. Deixamos de ser singular e passamos a ser plural. Voltamos a ser singular no amor: somos um. Os laços foram se estreitando, fui sendo puxada para mais perto e, aos poucos, me vi dentro dele. Nós nos geramos em nossos corações, assim como uma mãe gera vida em seu ventre. Passamos a ser presença diária. A luz que acende o mundo com o nascimento do Sol e as estrelas que enfeitam o céu em noites escuras. Demos um novo significado ao Universo. Criamos em nossos lábios, cultivamos em nossos olhos, constelações tão infinitas, tão raras, que a própria ciência jamais seria capaz de catalogar. 

Eu não lembro a roupa que ele usava quando nos conhecemos – rio sempre dessa afirmativa. Mas, recordo de que ele ficou procurando sinal de celular para poder falar comigo enquanto acampava. E eu me perguntava: “será que ele está me curtindo?” E ria a cada piada que ele contava, me encantava com as fotos que ele enviava e me apaixonava – sem perceber – pelo sorriso doce, largo e cheio de vida que ele tem. Ele viajou e não me esqueceu. Ele abriu a porta da casa dele e me fez café, me deixou bem a vontade e me cuidou desde ali. Desde o primeiro: “me chama pra ceia”.

São 365 dias que eu o tenho aqui comigo.
E que desconhecido ele passou a ser o meu melhor amigo.


quarta-feira, novembro 09, 2016

ELA 1 X 0 EU





Ouça enquanto lê: Ed Sheeran - Photograph 

Quarta-feira, dia de futebol no clube do sortudo com quem ela divide a vida. E ela está, mais uma vez sozinha, tendo como companhia apenas a taça de vinho combinando com o bordô da armação dos seus óculos — adorava observar enquanto ela trabalhava a noite. Os dedos corriam pelo teclado como correm os jogadores atrás da bola, do toque perfeito, do cruzamento infalível e do gol de placa. Ela corria atrás do começo perfeito, da vírgula impecavelmente colocada pra gente saber a hora de respirar e não pirar. Mas eu pirava cada vez que ela marcava gol e sorria ao finalizar um texto.

Não entendo, ainda, como alguém pode preferir observar 22 marmanjos correndo atrás de um objeto redondo, debaixo da chuva que está caindo lá fora, ainda mais com as sacadas nada interessantes dos comentaristas. Contrario todos os clichês e rejeito o machismo que me é imposto pela sociedade. O único jogo que me apetece é aquele que ela faz quando quer carinho, cafuné e colo, mas não ousa abrir mão do orgulho de mulher. Egoísta que sou, não permito venda de ingressos, não aceito arquibancada ou comentarista algum. Essas partidas eu — ainda — guardo em filmes catalogados, num arquivo especial que carrega o nome dela.

No placar da nossa vida minha falta foi passível de expulsão, eu sei. Sei mais ainda que não haverá próxima partida, outro campeonato ou a FIFA pra dizer que não houve nenhuma causa justa para isso. No jogo dela só há um juiz, ou melhor, juíza. Tenho plena consciência de que nunca houve outro time que jogue tão bem com o meu quanto o dela. Não haverá. Ainda assim, aceito calado minha ausência no campo e recorro aos tais arquivos, registros dos nossos dias de glória. Liderávamos o campeonato juntos, empatados, no melhor sentido que há de se estar assim.

"FINALMENTE!", ela dizia, enquanto apagava o cigarro como quem esmaga um inseto indesejado. "Consegui terminar, até que enfim." — completa. Ela levanta e desfila, como quem acaba de ganhar a taça da copa. Olha lá, aquele sorriso me fazendo pirar novamente. Sorrio de volta e comemoro, com todo fervor que a ocasião me pede, e ofereço mais uma taça, desta vez para dois. O jogo dela terminou. a partida encerrou. Mas a nossa, ah... A nossa está só começando.


terça-feira, novembro 08, 2016

Você se tornou outro qualquer



Outro qualquer, na verdade não. Um desconhecido tem mais da minha atenção que você. Seria uma parceira sua pelo resto da vida. Mas você fez a única coisa que eu não merecia: me magoou. A mágoa, ela destrói os bons sentimentos e faz o 'bem querer' virar 'tanto faz'. Faz a pessoa que antes era motivo de riso se tornar desconhecido. Só que do tipo que deve ser evitado.

 Achava que você era legal. Me enganei! Você é frio.

É cruel. Me disse coisas que doeram mais que um soco. Soco mesmo. Tapa é coisa leve demais pra comparar o que você me fez. Tentar comparar, pois, qualquer que seja a ligação que eu consiga fazer aqui, não cabe comparação. Cabe é te deletar da minha vida. Quem dera o poder da informática tivesse chegado a tal ponto que a pessoa deletada das redes sociais, fosse deletada também da memória. Você me machucou tanto que eu queria apagar tudo, pra não ficar remoendo e me sentir pior. Curioso que não existe aqui sentimentos como "que se exploda". O que há é uma necessidade tremenda de ficar longe de você. Te evitar.

Eu errei muito, fiz de você uma pessoa maravilhosa. Te coloquei em um lugar na minha vida que não devia. Confiei, acreditei, vi que era mentiroso e acabei relevando. Desde o início, guardei minha autoestima na gaveta, permiti que minha dignidade fosse pro lixo. Acabei fazendo de você um desafio, uma teimosia, te quis, te tive. Você se entregou a mim. Me senti a esperta. A vencedora. Mas como sempre, você foi uma guerra perdida, mesmo vencendo eu perdi.

Sou do tipo que ao romper com uma pessoa, age como se ela fosse um poste. Alguém sente raiva de poste de rua? Alguém fala mal de poste de rua? Alguém briga com poste de rua? Qualquer pessoa ignoraria você desde o início das coisas que percebi. Mas você foi tão manipulador, que conseguiu me manter perto. Sabe, pra minha sanidade mental, tomarei algumas providências.

Eu sequer vou falar em você, o que você me fez, criou em mim um sentimento de que sequer devo te ver. Não quero ser a vítima. Quem errou foi eu. Me iludi tanto que julguei que você pudesse ser meu amigo pro resto da vida. Amigo respeita, você não respeitou.

Um poste é um objeto que só causa problemas quando não funciona corretamente. Você se tornou um poste pra mim. Não te desejo nada de mal. Não vou sair falando coisas por aí. Tão pouco ficar te stalkeando. Torcendo pra que as coisas deem errado pra você e se lembre do quanto eu sou legal e te faço falta. Eu não! Simplesmente pelo fato de que eu não te quero por perto. Nem com a estima lá cima, nem lá em baixo.

Independente de como você esteja, de qualquer que seja o seu estado, se “sempre me evitou”, como disse com todas as palavras, continue me evitando! Não me procure, nem daqui anos e anos. Sei que você vai sentir minha falta, vai querer vir ser o “bonzinho” de sempre. Não perca seu tempo. A última pessoa que me magoou como você e tirei da minha vida, fazem 8 anos que não ouve a minha voz.
Não se preocupe em mandingas, te maldizer ou coisa assim. Pelo contrário, só desejo que você seja feliz! Mas bem longe de mim. 


quinta-feira, novembro 03, 2016

Você machuca demais esse meu coração


para ouvir ao som de: Machuca demais, de SPC.

Queria ter o coração menos manteiga derretida e te dar adeus sem medo de me arrepender. Ter pulso firme e dizer que não quero mais te ver, que não sinto saudades dos teus beijos, que a tua presença é dispensável e que a porta é serventia da casa. O problema é que eu não consigo. Você é como um alucinógeno. Uma droga que consome a minha vida, que fode com meu psicológico e me ata as mãos. Você é o meu passaporte para o inferno em dias lúcidos e a minha subida para o céu em dias insanos. Você é paradoxo. Eu, por minha vez, sou masoquista.

Queria ter coragem o suficiente de recolher todas as tuas lembranças, pegar as tuas roupas e arrancar esse muito de você que há em mim. O problema é que minha mente não consegue ganhar essa batalha. O coração é tão feroz. Sempre derruba a minha razão na lona e, dessa forma, vou adiando o nosso fim. Eu queria – queria muito – dar adeus aos nossos planos, dizer que tanto faz se teremos quatro ou nenhum filho, se compraremos uma cobra ou criaremos lebres, se viajaremos para o Nepal ou para alguma cidade do interior da Paraíba. Eu queria não me importar.

Queria dizer que você não me machuca, mas é impossível afirmar isso tendo que recolher, todos os dias, os cacos de mim que se espalham pelo chão. Queria dizer que estou farta das suas mentiras, de deixar o meu orgulho de lado em prol de algo que nem eu mesma sei se acredito. Queria ter forças para te dizer não e dar um basta. O problema é que eu sempre perdoo. 

"Queria poder dizer não, não te procurar", mas a vida parece não ter sentido sem você. Queria cumprir as promessas que faço todas as noites de não mais viver ao seu lado, de não mais colocar um prato a mesa à sua espera ou de pesquisar séries na NETFLIX programando o nosso final de semana. Eu queria poder dizer não, mas eu não posso. Eu não consigo. E toda essa angústia que bate cá dentro do peito, todo esse amor irreal, cheio de remendos, só me faz acreditar que apesar de você machucar demais o meu coração, a permissão é dada por mim. Infelizmente.

"Queria poder dizer não. Cumprir toda vez que eu te digo que vou te deixar."